Que o futebol é um ambiente completamente machista, não é novidade. Aprendemos, desde muito cedo, a nos vestir "adequadamente" para ir aos estádios. "Cuida ou vão passar a mão em ti". Que mulher nunca ouviu isso?
Estar no front, na linha de frente das coberturas diárias ou especiais do futebol, é isso. Em pleno 2018, vemos a Copa do Mundo ser palco de absurdos diários. Os três vídeos em que mulheres, cercadas por homens, são constrangidas em vídeo somados aos beijos à força que profissionais da Rede Globo foram expostas são uma pontinha do que todas nós sofremos todos os dias. Eu disse TODOS OS DIAS. A maioria das situações, porém, não tem registro.
Nos desvencilhamos a todo momento de machismo velado. A competência em ser setorista do Inter perdeu espaço para o meu "sorriso, que abre portas no Beira-Rio". Eu ouvi isso. Também ouvi que uma informação só seria me passada por um empresário de um jogador de grande expressão se eu tomasse um espumante com ele. Acreditam? Mas por que será que esse tipo de coisa ainda acontece? Porque faltam mulheres em treinos, em viagens, em grandes coberturas, como comentaristas, como narradoras.
Ainda somos minoria.
Eu não acredito que não existam mulheres competentes para as grandes jornadas de televisão, rádio e jornal. Nós só vemos homens. São poucas como a Amanda Kestelman e a Júlia Guimarães, que disputam espaço em uma zona mista em busca de uma entrevista ou foto do Salah. Ou do Messi, do Neymar. Viramos "musas" da Copa, somos apresentadoras (o que já é um passo gigante) ou trabalhamos nos bastidores.
Até quando não estaremos na linha de frente?