O Novo Basquete Brasil começa a deixar de ser jovem. O nome, no entanto, representa mais do que a idade da liga profissional brasileira — é também um marco no basquete de clubes no país, ainda que a confederação e a seleção brasileira vivam uma das piores fases de suas histórias.
A 10ª edição do NBB começa neste sábado sem a pompa da NBA e sem o Brasília — um dos times mais tradicionais do torneio e que não conseguiu apresentar as garantias financeiras exigidas —, mas com a perspectiva de seguir como um exemplo de gestão e de expandir a popularidade do esporte em território nacional.
— Há nove anos, tínhamos um cenário devastador. Fomos dando credibilidade e estamos colhendo frutos com a liga. Foi um modelo de gestão inovador no Brasil, com a chancela da confederação para uma liga independente. Olhando para trás, o cenário está muito bom. O basquete tinha problemas entre os clubes, o campeonato era gerido pela confederação e praticamente não comunicavam nada aos clubes — explica João Fernando Rossi, presidente da Liga Nacional de Basquete.
Fábio Balassiano, do blog Bala na Cesta, aponta que os ganhos são evidentes no crescimento de popularidade do campeonato:
— Os resultados são muito claros para quem acompanha basquete e vê um número maior de torcedores nos ginásios e de patrocinadores apoiando o campeonato.
O único representante gaúcho no NBB 10 é o Caxias do Sul. O time havia sido rebaixado na temporada passada, mas ganhou uma nova chance com a desistência do Brasília. Para o técnico Rodrigo Barbosa, o poder de decisão dos clubes é o grande diferencial do modelo da liga.
— Não é um legado apenas para o basquete, é um modelo de gestão para o esporte brasileiro. A gerência é feita por todos os clubes. Todas as análises de situações que envolvem a modalidade, questões técnicas e financeiras, passam pelo conselho e, depois, pela assembleia com todos os clubes — observa.
Parceria com a NBA
O NBB nasceu com o sonho de simular o sucesso que a NBA tem nos Estados Unidos. E, nos últimos anos, conseguiu firmar uma parceria com a liga norte-americana. Se o impacto dentro das quadras foi limitado a alguns amistosos de pré-temporada, o grande foco é na questão de transformar os jogos de basquete em espetáculos para os torcedores/clientes.
— A NBA é a liga mais desejada no basquete mundial. Estar do lado deles nos traz muito know-how. Temos constantes reuniões com a NBA no Brasil e em Nova York e conseguimos alguns atalhos para desenvolver a parte do entretenimento esportivo, a parte operacional — conta Rossi.
É possível ajudar a seleção?
A Liga Nacional tem um papel limitado junto à seleção. Ainda que ceda os seus jogadores, o NBB tem como objetivo principal a realização do torneio de alto rendimento. À exceção da liga de desenvolvimento sub-20, não há planos para investimentos nas categorias de base — um papel que, por definição, cabe à confederação.
— É incumbência da CBB. Não temos nenhuma intenção de fazer trabalhos na base, apesar da base ser nos clubes e estarmos indiretamente ligados. Desenvolver o basquete de base é papel da CBB — diz Rossi.
A CBB chegou a ser suspensa pela Fiba por problemas de gestão. Por isso, para Rodrigo Barbosa, a confederação precisa administrar a base de forma competente para mostrar resultados à entidade mundial:
— A confederação vem de um momento muito ruim e precisa readquirir confiança da federação internacional. Se não cuidar da base, mostra incapacidade de administrar o basquete.
Para Balassiano, a expansão da popularidade do basquete já é uma parte importante da busca por novos talentos - já que, por exemplo, a NBA tem pouca influência nas categorias de base nos Estados Unidos, mas incentiva novos praticantes.
— A liga já faz um excelente trabalho de auxílio quando promove a liga de desenvolvimento, dá intercâmbio a atletas com as competições internacionais e faz com que o basquete se popularize _ conclui o jornalista.