O rendimento do Corinthians no segundo turno do Brasileirão não lembra nem de longe o primeiro turno, que criou ampla vantagem na tabela de classificação. Além dos resultados, o desempenho do time de Fábio Carille oscila e deixa a desejar, especialmente em três partidas alvos de críticas do próprio treinador: derrota por 1 a 0 ao Vitória, empate em 1 a 1 diante do São Paulo e derrota por 2 a 0 para o Bahia.
Os três duelos criticados pelo treinador foram disputados nos últimos dois meses e deixam clara a queda de produção do segundo turno, em que o time paulista tem somente o 13º melhor rendimento, com três vitórias, dois empates e quatro derrotas - pouco mais de 40% de aproveitamento dos pontos. Veja abaixo alguns padrões observados nestas partidas que explicam o "novo" Corinthians do Brasileirão. Confira:
1. ATAQUE MENOS EFICIENTE
O Corinthians só fez um gol contra o São Paulo neste recorte de três jogos do Brasileirão e passou em branco nos outros dois. Terceiro melhor ataque do Brasileirão, o time tem vacilado neste quesito: ao longo do campeonato, a média de finalizações certas por jogo é de 4,7, e nos três compromissos citados o número cai para 3,6. Acertando menos no gol adversário, menos gols marcados e mais dificuldades para vencer os compromissos.
Chama atenção um número do meia Rodriguinho nos jogos contra Vitória e São Paulo: ele foi o recordista de finalizações erradas do time paulista, com três em cada um destes duelos. Na chegada ao ataque, o armador está deixando a desejar.
2. EXCESSO DE CRUZAMENTOS
A média de cruzamentos certos e errados do Corinthians cresce assustadoramente nas três partidas que Carille vê como exemplos a não seguir. Normalmente, o time cruza 5,5 bolas corretamente e falha em 17,9 a cada jogo. Contra Vitória, São Paulo e Bahia foram 7,3 cruzamentos certos e 21,3 cruzamentos errados em média. Como o time marcou menos gols, o Timão só conseguiu provar que está optando pela jogada errada na criação ofensiva.
A falta de repertório também compromete os números de jogadores importantes na campanha que rende a liderança até o momento. Contra o Vitória, Fagner errou sete cruzamentos, por exemplo. Diante de São Paulo e Bahia o número máximo foi três, primeiro com os laterais Guilherme Arana e Fagner e mais recentemente, além dos dois, com Romero e Jadson também
3. MAIS ERROS DEFENSIVOS
Além de ter sofrido quatro gols nos três jogos recriminados por seu treinador, o Corinthians também descumpriu padrões observados no primeiro turno. A média de interceptações certas do Corinthians no Brasileirão é de 4,3 e de interceptações erradas é de 0,6. Os números vistos contra Vitória, São Paulo e Bahia foram diferentes: média de 3 interceptações certas e 1,3 errada. Isso significa que o setor de marcação não antevê as jogadas com a mesma qualidade. Isso também altera outra estatística, do número de faltas.
No campeonato, a média de faltas do Timão por jogo é de 11,4, e nos três jogos da queda de rendimento chega a 12. Ou seja, como a equipe não intercepta mais os lances com precisão, obriga os jogadores a darem combate e criarem riscos ao cometerem faltas. Com mais erros defensivos e ameaças à integridade do setor, mais vulnerável ficou o Corinthians.
4. EXCESSO DE CONFIANÇA
Este foi o pior defeito observado pela comissão técnica do Corinthians durante o segundo turno do Brasileiro. O time vinha jogando tão bem e liderando com tanta folga que em algum momento se perdeu. Por isso, lances que antes eram evitados pelo grau de dificuldade começaram a ser arriscados e o time perdeu sua principal característica: simplicidade na troca de passes para achar espaços e contra-ataques em velocidade.
Contra o Bahia, isso ficou claro no lance do primeiro gol. Fagner tentou proteger a bola até a saída pela linha de fundo, mas não fechou todo o espaço e foi desarmado dentro da área. O lateral-direito do Corinthians costuma ter bastante facilidade neste tipo de jogada, mas errou na Fonte Nova e comprometeu a atuação e o resultado da equipe. É o tal excesso de confiança.
5. ERROS DE PASSES SIMPLES
Carille acredita que o excesso de confiança também faça o Corinthians pecar nos passes. A média do campeonato é de 44,9 passes errados por jogo, e nos três jogos identificados como pontos mais baixos ao longo da competição chega a 51,3. Exemplo disso é o erro de Marquinhos Gabriel na construção ofensiva dos minutos finais na partida contra o Bahia. Em vez de colocar a bola na área, onde até o goleiro Cássio estava, o camisa 31 quis trocar passes e errou feio, criando uma chance clara concluída pelo adversário.
Alguns jogadores lideram as estatísticas de passes errados nestes três jogos recriminados por Carille: contra o Vitória foram Jô e Fagner (dez cada um), contra o São Paulo novamente Fagner e agora Maycon (cinco cada um) e diante do Bahia o recordista foi Rodriguinho, com 13 passes errados. É preciso melhorar.