Ainda tínhamos pesadelos com o 7 a 1 que levamos da Alemanha em nosso quintal. Nada parecia dar certo. Dunga, escolha no mínimo absurda da CBF para comandar a Seleção, não produzia resultados. Fiascos atrás de fiascos. Fomos eliminados de duas edições de Copa América, amargávamos uma posição incômoda nas Eliminatórias e, principalmente, não demonstrávamos nenhuma possibilidade de melhora.
Algo precisava ser feito para que o vexame de 2014 não fosse superado pela não participação no Mundial da Rússia. Dunga foi demitido. Pessoalmente não tenho nada contra ele. Foi um grande líder na campanha do tetra em 1994 com sua garra e dedicação à camisa amarela. Mas, como técnico, ainda precisa adquirir experiência. A Copa de 2010, quando levamos um time fraquíssimo, já deveria ter sido uma demonstração clara disso.
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Eis que a CBF, com atraso, resolve fazer a coisa certa. Chama Tite. Gaúcho, como os três técnicos que o antecederam (Mano Menezes, Felipão e Dunga), colocou ordem na casa. Está conseguindo fazer o que Dunga não conseguiu: os jogadores agora repetem na seleção o que fazem nos clubes. Jogam bola com alegria, com dedicação e com vontade de nos fazer esquecer o trauma de 2014. Na quarta-feira, mesmo quando o jogo já estava decido, a Seleção mantinha a posse de bola e buscava o gol. Alisson não pagou ingresso e ainda assistiu ao jogo de camarote.
Neymar está dando show. Paulinho, jogador do qual sempre fui crítico ferrenho e não entendia suas convocações, se tornou um dos melhores do time. Marcelo, inexplicavelmente renegado por Dunga, demonstra o futebol que o levou a titularidade no Real Madrid. De minha parte, não há questionamentos na escalação do time. Os melhores estão em campo.
Do lado de fora das quatro linhas, Tite se consagra. Modesto, educado, emotivo e entendedor do bom futebol, nos fez ir do inferno ao céu, ou, no caso, à Rússia. As vaias a qual a seleção de Dunga ouvia, foram substituídas por aplausos e gritos em agradecimento ao treinador. Ao ouvir seu nome saindo da boca dos torcedores, Tite se emocionou. Foi às lágrimas. Acenou para a torcida. Oito jogos com oito vitórias convincentes. Futebol bonito, alegre e jogado com emoção. Tite fez com que a Seleção se tornasse uma família novamente. Nós abraçamos essa família. E como é bom abraçar a Seleção novamente. Rússia, aí vamos nós.