Ela é a primeira mulher a comandar a seleção brasileira feminina. Mas antes de falar sobre machismo, preconceitos e obstáculos da modalidade, Emily Lima – que recebeu de Marco Polo Del Nero o recado "trabalho, trabalho, trabalho" – avisou como pretende montar a equipe brasileira no período em que estiver responsável por comandar Marta, Cristiane e cia. Logo na primeira resposta na entrevista de apresentação nesta quinta-feira, a treinadora usou uma expressão que virou corriqueira nas entrevistas da Seleção principal masculina, graças a Tite: "jogo apoiado".
– Vou buscar fazer um jogo bastante ofensivo. Minha ideia é duas linhas de quatro para se adaptar é muito mais rápido. Com a posse de bola, transforma isso no 4-3-3. Quero modernizar o máximo. Gosto do jogo apoiado, aproximação. Temos que mudar um pouco. Estudo muito, busco informações da Europa, que eu acredito que tenha o futebol mais vistoso – disse Emily, que ressaltou ainda:
– Venho para cá com uma missão de fazer tudo diferente do que vivi 25 anos do futebol. Vou trazer o de melhor e mais moderno. Tenho que pensar muito bem o modelo de jogo vou utilizar. No clube, eu tinha algumas peças com as quais teria que me adaptar. Hoje, eu vou convocar as melhores atletas.
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Emily substitui Vadão, que comandou o Brasil até a perda do bronze nos Jogos Olímpicos do Rio este ano e teve a saída confirmada nesta semana. Ao voltar a trabalhar na CBF – ela já tinha comandado as seleções femininas de base – Emily já projeta trocar experiências com Tite.
– Uma das perguntas que fiz ao presidente foi se eu poderia trocar ideia com o Tite. Espero que isso aconteça, vai engrandecer muito meu trabalho e o que vai ser feito dentro da Seleção – comentou.
Para o novo desafio, Emily aposta no talento de Marta, Cristiane e das demais meninas que entraram no radar para a equipe principal ao longo da preparação olímpica.
– Ainda acredito que a Marta consiga ficar nesse ciclo olímpico. E a Cristiane também. Eu apostaria que a Formiga conseguiria também, mas ela vai estar lá com 42 anos. Quero conversar com ela, com a comissão. Apostaria que poderíamos trabalhar ainda juntas. Apostar na renovação sim, mas com cautela – completou a treinadora.
Emily recebeu o convite para treinar a Seleção na semana passada. E não escondeu a surpresa.
– Foi em um momento em que tinha acabado de perder a Copa do Brasil. Na quinta-feira fiz a final e na manhã de sexta eu recebi a ligação do Marco Aurélio. Duas horas depois o presidente me ligou. Foi uma surpresa. Isso te tira do chão. Tem que ter a cabeça no lugar. Só tenho que agradecer – contou.
Mas o que vai mudar com Emily na Seleção feminina?
– Não acredito que o futebol mude com mulher ou sem mulher. Temos que estar capacitados para o cargo. Vou ter uma relação diferente com as meninas, usando a psicologia. Elas têm mais abertura com mulher. Já fui atleta e tinha dificuldade de passar certas informações para meu treinador. Com mulher, fui mais aberta. A mudança é fora do campo. Eu propus ao presidente trazer uma coaching esportiva e seria mulher, isso ajuda no desenvolvimento do trabalho – avisou.
* LANCEPRESS