O chão da sala estava tapado de cartazes de incentivo aos participantes da edição de 2016 dos Jogos Franciscanos, que vão movimentar centenas de alunos do Colégio Bom Conselho, entre os dias 5 e 6 de outubro. Faltando, ainda, três semanas, minha filha e suas colegas do 7º ano estavam contagiadas pela perspectiva das disputas no vôlei, vôlei misto, handebol, futebol, basquete e caçador.
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Sim, quem de nós não adorava aquela hora de sair porta fora da sala de aula para se esgueirar e, por um triz, deixar de ser alvo ou, do outro lado, disparar a bola para tirar alguém de circulação? Enquanto as disputas nas quadras não chegam, elas criavam mensagens de apoio aos potenciais competidores.
Pois é exatamente nesse espírito contagiante da pessoa, enquanto é criança e adolescente, que estão as tão perseguidas e desejadas medalhas de ouro, prata e bronze da Olimpíada e da Paraolimpíada, experiências únicas e sedutoras vividas pelo Brasil nestas últimas semanas. É na escola que a paixão e o respeito pelo esporte deveriam ser despertados. Claro, a partir daí, os ginásios dos clubes e das empresas – e a grandiosidade de um Beira-Rio e de uma Arena – seriam caminhos naturais para o profissionalismo e a profissionalização. E a conjugação desses dois substantivos, acrescidos de seriedade e muito, muito trabalho, se converte em vitórias. Quem norteia sua vida por atitudes baseadas nesses valores só pode ser um cidadão, ou seja, o ser que exerce a cidadania, cumprindo os seus deveres com a coletividade e podendo, em contrapartida, ter seus direitos preservados.
Mundo utópico? Decididamente, não. Eu desafio quem, sendo sincero na resposta, não tenha sentido satisfação e orgulho pela organização de um dos maiores eventos do planeta no Rio de Janeiro apesar de todos os nossos defeitos políticos, econômicos e éticos. É reconfortante e alentador perceber que nossas qualidades, às vezes, podem sublimar a desconfiança e a incompetência.
E, tenha a certeza, a escola de seu filho é um universo de potencialidades esportivas e cidadãs, a começar pela teimosa dedicação dos professores de educação física. Ensina-se a técnica de forma lúdica, o respeito às regras e ao fair play. E, para a vida, dentro e fora dos campos e das pistas, existe algo mais importante do que o jogo limpo? É isso que quero para a minha filha.
*ZHESPORTES