O presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Marco Polo Del Nero, convocou, na noite desta quarta-feira, uma assembleia geral da entidade para o dia 11 de junho. Em comunicado oficial, a CBF informa que um dos temas da reunião será para "reformar parcialmente o estatuto".
Segundo o jornal Folha de São Paulo, a mudança tem como objetivo acabar com o critério de idade para definir o primeiro sucessor do presidente, tudo para evitar que Delfim Pádua Peixoto Filho, 74 anos, dirigente máximo da Federação Catarinense de futebol (FCF) e vice-presidente mais idoso da CBF, assume o poder em caso de renúncia de Del Nero.
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Delfim garante que a realização da assembleia geral é para tirá-lo do poder. Porém, o cartola catarinense não entende o motivo:
- Essa reunião extraordinária claramente foi feita para me tirar da sucessão. Não sei para quê. Afinal, o Marco Polo diz que não vai renunciar. Por que ele está tomando essa atitude? Fez uma reunião com os presidentes de federações e não me convidou. Por que isso? Está claro que isso é um golpe. E eu sempre fui contra golpes, desde quando era deputado estadual e lutei contra a ditadura - reclamou Delfim, se referindo a uma reunião com presidentes das federações realizada na terça-feira e que não teve a presença dele e da Federação Gaúcha.
Ainda segundo a Folha de São Paulo, Del Nero planeja que Marcus Vicente, terceiro na linha de sucessão da CBF, assuma a presidência. Ele é ex-presidente da Federação de Futebol do Espírito Santos e atual deputado federal pelo Partido Progressista. Segundo a Folha, o deputado é um dos líderes da CBF em Brasília. o Senado e a Câmara já aprovaram a criação de duas CPIs para investigar o futebol e Del Nero é um dos principais alvos.
- Será que eu não tenho capacidade de administrar a CBF? Os outros vices devem ter mais, por isso essa reunião. Dizem que querem que os vices indiquem o sucessor. Engraçado, existe essa cláusula do vice mais idoso assumir o cargo há anos e nunca mudaram. Agora que sou eu na sucessão vão mudar. Deve ser porque eu sou sincero, falo com a imprensa. Eles não falam e não querem que eu fale. Não tem motivo para não falar, não tenho que esconder nada. A imprensa tem o direito de saber o que acontece - analisou Delfim.
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Desde o início das especulações sobre uma possível renúncia de Del Nero, o presidente da FCF sempre foi claro que não tinha o desejo de assumir a CBF. Por isso, ele garante que não fica chateado se não for o próximo presidente da entidade:
- Não, isso não me chateia. Isso vai me deixar ainda mais livre para falar. Vou poder cobrar e falar tudo o que penso. Fiscalizar - garantiu.
Mesmo que o estatuto mude, Delfim quer continuar na administração da CBF como vice-presidente:
- Eu vou na assembleia, todos os presidentes têm que ir. É lá que será votado, provavelmente eu serei voto vencido. Mas não tem problema, vou continuar como vice-presidente, porque isso eles não podem me tirar, afinal, fui eleito democraticamente. Alias, o Marco Polo foi um dos que me convidou para ser vice. Eu não queria, poderia ter sido antes com o Ricardo Teixeira (ex-presidente da CBF) e não quis. Acho isso estranho - finalizou.