A situação está no seguinte termo: não interessa se houve racismo no Caso Fabrício. Interessa, na ótica gremista, se o Inter tem torcedores que cometem esse abominável crime no seu flamante estádio padrão Fifa.
Pelo ângulo colorado, pouco importa condenar o suposto ato de racismo de algum vizinho de arquibancada. A questão é garantir que apenas a torcida do rival comete esse crime. Assim, vermelhos e azuis jogam um clássico triste com um tema tão sério, que merecia uma discussão ampla de todos, para que desaparecesse, sumisse da nossa convivência.
Percebam nas redes sociais: os torcedores dos dois lados, em nenhum momento, tratam do assunto sem vinculá-lo ao rival. Ninguém o aborda sem que rotule o adversário de racista.
O problema é que aqui no Rio Grande do Sul tudo acaba em Gre-Nal. Até jogo de palitinho. Nesta semana tivemos disputa de pênaltis guardados dentro do baú, alguns até cheirando a mofo. Os gremistas contavam nos dedos os que lhe haviam sido sonegados neste ano e apitados a favor do rival.
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Os colorados se defendiam e lembravam de injustiças dos árbitros. Discussão inócua, desnecessária, de quem olha pelo retrovisor em vez de olhar para frente - e esse é um dos grandes problemas do nosso Estado, aliás. Olhamos demais para trás e esquecemos de desenhar nosso futuro. E assim, nos atrasamos.
Mas voltemos ao futebol. O outono chegou quente como um dia agitado de verão no ambiente Gre-Nal. Parece que a proximidade da fase decisiva do Gauchão mexeu com os aguapés. E isso que é só o Gauchão. Dizem que ele vale quase nada. Imagina se valesse.
*ZHESPORTES