O Grêmio enfrentará uma denúncia no Tribunal de Justiça Desportiva do Rio Grande do Sul por conta dos xingamentos racistas de um torcedor ao zagueiro Paulão, após o término do Gre-Nal deste domingo, vencido pelos colorados por 2 a 1. O procurador Albetro Franco irá consolidar a denúncia provavelmente nesta terça-feira.
O clube trata a situação como um fato isolado, pela ofensa ter sido proferida por apenas um torcedor, e já tem em mãos as imagens do jogo. A análise deve ser mais detalhada na tarde desta segunda-feira.
O Grêmio irá responder pelo ato de um torcedor no artigo 243-G, o mesmo que o Esportivo foi enquadrado. A diferença dos casos é a quantidade de torcedores que cometeu o ato. Segundo o relato de Márcio Chagas, ele foi ofendido por um grupo de torcedores na Montanha dos Vinhedos. Já Paulão afirmou que um torcedor imitou sons de macaco para ele.
Assim, pelo previsto no Código Brasileiro de Justiça Desportiva, a pena seria de exclusão do torcedor do estádio por 720 dias, baseada no parágrafo segundo. Se a denúncia for oferecida afirmando que mais torcedores cometeram o ato, aí sim o Tricolor poderia ser punido com perda de pontos.
O clube trabalha com a tese de que, embora seja denunciado, não possa ser responsabilizado pela ação de um torcedor. Se identificá-lo nas imagens, irá encaminhar para as autoridades públicas responsáveis. E se a pessoa for sócio, enfrentará um processo interno do clube.
A Procuradoria irá se basear nos relatos de Paulão após o jogo e no que a imprensa presente no local e no momento das ofensas relatou. Ao sair do Gre-Nal, o zagueiro estava sendo entrevistado na beira do campo, quase no túnel, e ouviu as ofensas racistas. Deixou os microfones e aplaudiu ironicamente o gremista que fez o som de macaco. Depois, gritou para que parassem de "esconder o moleque". O árbitro do Gre-Nal, Leandro Vuaden, não viu a situação e não relatou em súmula.
Após o jogo, o camisa 25 do Internacional reafirmou o xingamento, mas deixou de prestar queixa na polícia. Disse que não queria entrar em uma briga que "não estava dando resultado". O técnico Abel Braga também lamentou o ocorrido em sua entrevista e chamou o torcedor de "nojento".
No Gauchão deste ano, dois casos de racismo tiveram notoriedade. Primeiro, as ofensas ao árbitro Márcio Chagas e as depredações ao seu carro, que ainda tinha duas bananas no escapamento. O Esportivo foi punido com perda de cinco mandos de campo e multa de R$ 30 mil. Já um torcedor do Pelotas xingou o goleiro Lúcio, do São Paulo-RS, com conotação racista. Chagas era o juiz da partida e relatou em súmula. O TJD-RS impediu o torcedor do Lobão de entrar no estádio por 720 dias, em caso semelhante ao gremista.