
O primeiro Gre-Nal da história da Libertadores poderia ter ficado marcado pelos gols perdidos por Boschilia e Luciano, pelas defesas de Marcelo Lomba e Vanderlei ou pelas arrancadas de Marcos Guilherme e Pepê. Mas a imagem da Arena que rodou o mundo foi a briga generalizada que levou à expulsão de oito jogadores e poderá gerar punições pesadas para os envolvidos. Este foi mais um capítulo do maior jogo do futebol gaúcho com confusão.
A primeira briga em Gre-Nal ocorreu logo no segundo encontro entre Grêmio e Inter. No jogo, realizado em julho de 1910, os dribles do gremista Edgar Booth irritaram os colorados, e teve início a primeira confusão entre os rivais.
— O Edgar Booth já tinha feito dois gols no jogo e começou a driblar, o que irritou os jogadores do Inter. Ocorreu ali a primeira briga logo no segundo Gre-Nal da história — recordou David Coimbra no Podcast "História dos Gre-Nais", de GaúchaZH, sobre o clássico que terminou em 5 a 0 para o Grêmio.
A maior briga em Gre-Nais aconteceu no festival de inauguração do Beira-Rio, em 1969. Na ocasião, o clássico também não teve gols. Vinte atletas foram expulsos pelo árbitro Orion Satter de Mello. Apenas o colorado Dorinho e o goleiro gremista Alberto escaparam de levar o vermelho.
— Eu estava no ataque naquele momento, e a briga foi no nosso campo de defesa. Eu estava perto do goleiro Alberto, grande daquele jeito. Olhei para ele, ele olhou para mim e ficamos conversando. A gente acabou não brigando em função disso — lembra o ex-meia colorado.
Dorinho recorda que, em 1969, a briga frustrou os jogadores que esperavam aquele Gre-Nal de inauguração do Beira-Rio. Ele acredita que o mesmo ocorreu com os atuais atletas que vestem as camisas de Grêmio e Inter.
— O que aconteceu ontem (quinta-feira) me fez lembrar de 1969, que foi algo muito triste para nós. Jogávamos com públicos de 20 mil pessoas e passamos a jogar com quase 100 mil. A expectativa era muito grande de jogar no Beira-Rio — cita.
O ex-volante do Grêmio Iúra acredita em arrependimento por parte dos jogadores envolvidos na confusão do Gre-Nal 424. Ele lembra de um soco que deu Paulo Roberto Falcão em um clássico em 1977 e diz até hoje lamentar ter cometido a agressão.
— Eu me arrependo de ter dado o soco no Falcão. É algo que me magoa até hoje. O Falcão era meu amigo, me dava a carona, e ficamos sem nos falar por um tempo depois daquilo. Atualmente, é inadmissível acontecer algo assim. É triste que um clássico histórico como foi esse tenha ficado marcado pela briga.
Segundo jogo com mais expulsões na Libertadores
Os oito cartões vermelhos aplicados pelo árbitro argentino Fernando Rapallini fizeram com que o Gre-Nal 424 se tornasse o segundo jogo com o maior número de expulsões na Libertadores. O clássico na Arena ficou atrás apenas do embate entre Boca Juniors e Sporting Cristal-PER, em 1971, que teve 19 expulsos e gerou a eliminação do clube argentino, que perdeu seus jogos restantes na fase de grupos por W.O.
Grêmio e Inter estiveram envolvidos em confusões na Libertadores na última década. No ano do bicampeonato colorado, em 2010, o jogo contra o Estudiantes, pelas quartas de final, em Quilmes-ARG, terminou em pancadaria. O goleiro Lauro e o atacante Walter pegaram punições de três e dois jogos, respectivamente. Os dois atletas acabaram não atuando no restante do torneio.
Em 2013, o confronto entre Grêmio e Huachipato, no Chile, pela fase de grupos, também teve confusão após o apito final. Uma provocação de Vanderlei Luxemburgo ao treinador chileno Jorge Pellicer foi o estopim para a briga. O técnico gremista acabou suspenso por dois jogos e não pôde comandar o Tricolor nos confrontos de oitavas de final contra o Santa Fe, quando o time gaúcho acabou eliminado. Único jogador gremista suspenso, o zagueiro Douglas Grolli pegou cinco partidas de gancho.
Gre-Nal com maior número de expulsões: 20
- 1969 - Inter 0 x 0 Grêmio (festival de inauguração do Beira-Rio)
Jogo com mais expulsões na Libertadores: 19
- Boca Juniors 2 x 2 Sporting Cristal (não terminou)