
A Libertadores 2019 ainda está no meio de sua disputa, mas a edição 2020 do torneio já deu o que falar. Isso porque a Conmebol chegou a anunciar que apenas equipes da primeira divisão de seus países poderiam disputar a competição. No entanto, após reclamações, a entidade voltou atrás dias depois — ao menos até o ano que vem.
Muito dessa polêmica se deve ao Tigre, clube argentino da cidade de Victoria, na província de Buenos Aires. Rebaixado ao segundo escalão do futebol local pelo sistema de promedio (pontuação das últimas três temporadas), o time chegou à final da Copa da Superliga Argentina, torneio criado este ano e que dá vaga à Libertadores.
No último domingo (2), o Tigre bateu o poderoso Boca Juniors na final por 2 a 0, conquistando, assim, o primeiro título de expressão em seus quase 117 anos de história. Com isso, garantiu um lugar na maior competição do continente pela segunda vez — havia jogado em 2013. Em 2020, porém, terá de disputar também a Primera B Nacional, a segunda divisão da Argentina.
O fato é incomum, mas longe de ser inédito na América do Sul. O Tigre será o sétimo time na história a disputar uma Libertadores sem estar na elite do futebol nacional. Dos seis demais, quatro são brasileiros. Em todas, o fato aconteceu pelas equipes terem sido campeãs da Copa do Brasil. Relembre esses e outros clubes que viveram a situação:
Criciúma (1992)
O time catarinense surpreendeu ao conquistar a Copa do Brasil no ano anterior, sob comando de Felipão, vencendo o Grêmio na final. Sem conseguir subir para a Série A naquela temporada, disputou a segundona e a Libertadores em 1992.
Mesmo já sem o treinador gaúcho, o Criciúma caiu apenas nas quartas de final do torneio continental ao ser eliminado pelo São Paulo, que viria a ser o campeão.
Santo André (2005)
A equipe do ABC Paulista foi a grande surpresa da Copa do Brasil 2004, passando pelo 15 de Campo Bom na semi e derrotando o Flamengo na finalíssima em pleno Maracanã. No mesmo ano, foi punido com perda de pontos na Série B, não conseguindo disputar o acesso.
Em 2005, o Ramalhão, como é conhecido, foi eliminado na fase de grupos da Libertadores. Cerro Porteño e Palmeiras avançaram às oitavas.
Paulista (2006)
No ano seguinte ao Santo André, foi a vez do time de Jundiaí ser a zebra do maior torneio mata-mata do Brasil. O Paulista eliminou Juventude e Inter, além de Botafogo e Cruzeiro. Na decisão, venceu o Fluminense.
Na Libertadores, o clube, que também disputava a segunda divisão nacional, foi o lanterna do seu grupo. Porém, conquistou uma vitória contra o River Plate, em Jundiaí.
Jorge Wilstermann (2011)
O clube boliviano foi campeão do Torneio Apertura no primeiro semestre de 2010. Entretanto, foi o penúltimo colocado no Clausura, competição da segunda metade do ano. Assim, pela média de pontos dos últimos campeonatos, acabou rebaixado, mas com a vaga na Libertadores garantida.
Na competição da Conmebol de 2011, o Wilstermann caiu no grupo do Inter, atual campeão. O time, ainda treinado por Celso Roth, venceu os dois jogos, por 4 a 1 na Bolívia e 3 a 0 no Beira-Rio. Os bolivianos acabaram em último na chave.
Palmeiras (2013)
Treinado por Felipão, o alviverde conquistou a Copa do Brasil na metade de 2012, passando pelo Grêmio na semifinal o Coritiba na decisão. Porém, no segundo semestre, fez uma péssima campanha no Brasileirão, sendo rebaixado com uma rodada de antecedência.
No ano seguinte, perdeu alguns jogadores para a disputa da Série B e da Libertadores, como o centroavante Barcos, que veio para o Grêmio. No torneio continental, avançou para as oitavas de final, mas foi eliminado em casa pelo Tijuana, do México. Na segundona, teve bom desempenho e retornou à elite como campeão.
Santiago Wanderers (2018)
O caso mais recente foi do time chileno, campeão da Copa do Chile no fim de 2017 enquanto disputava a liga local. Após garantir vaga na pré-Libertadores do ano seguinte, ficou em último na tabela da média de pontos dos últimos dois campeonatos. Assim, disputou um playoff de rebaixamento contra o vencedor da segunda divisão chilena e foi derrotado, decretando sua queda.
Entrando na segunda fase preliminar da Libertadores, o Santiago Wanderers venceu o Melgar, do Peru, mas caiu para o Santa Fe, da Colômbia, não conseguindo ingressar nos grupos do torneio.