A Libertadores apresentará uma grande novidade aos torcedores e clubes participantes. Inspirada nas competições europeias, como a Liga dos Campeões da Uefa, a Conmebol decidiu que, a partir de 2019, a final será em partida única, em um local previamente escolhido. E o primeiro a receber tal distinção será o Estádio Nacional de Santiago, no Chile, com a decisão agendada para o dia 23 de novembro.
Até então, três cidades haviam se candidatado para receber a grande partida — além da capital chilena, Montevidéu, no Uruguai, e Lima, no Peru. Com a retirada da candidatura uruguaia, sobraram as outras duas opções. A saída política da entidade foi entregar a Copa Sul-Americana aos peruanos e a Libertadores aos chilenos.
— Essas decisões se devem ao objetivo estratégico de promover o desenvolvimento esportivo do futebol sul-americano através de maiores recursos, mais investimentos e melhores padrões em todos os níveis — argumentou o presidente da Conmebol, Alejandro Domínguez, quando do anúncio oficial.
Ainda houve edições em que, no caso de uma vitória para cada lado, um terceiro jogo, em campo neutro, decretava o campeão. Foi o caso do Santos de Pelé, em 1962, que teve de encarar o Peñarol em Buenos Aires. O Flamengo, em 1981, viajou até Montevidéu para vencer o Cobreloa-CHI. Situação semelhante viveu o Cruzeiro que, em 1976, bateu o River Plate no mesmo lugar que decretará o campeão de 2019: em Santiago, no Chile.
— Naquela época era diferente, porque era um terceiro jogo. Não sei qual é a intenção disso, se é porque diminui datas ou arrecada mais. Mas pode acontecer, por coincidência, de um jogo ser marcado para a Argentina e a final ter um time argentino presente. E aí, como fica? Na Europa, é difícil isso acontecer porque são muitos países disputando. A não ser que a decisão seja em Madrid ou Barcelona — pontua Nelinho, ex-lateral do time cruzeirense.
O Estádio
Tendo como inspiração para sua construção o Olímpico de Berlim, o Estádio Nacional Julio Martínez Prádanos, em Santiago, foi inaugurado em 1938, com capacidade para 47 mil pessoas. Mas, infelizmente, não se caracterizou apenas por receber apenas acontecimentos esportivos. Durante dois meses de 1973, o local foi usado como campo de concentração de prisioneiros políticos. Estima-se que cerca de 20 mil pessoas foram interrogadas, algumas torturadas e outras até mesmo assassinadas pelos militares que comandaram o país sob o regime ditatorial de Augusto Pinochet.
— Quando fomos fazer o reconhecimento do gramado antes da final, ficamos sabendo a história de que as pessoas haviam sido presas ali. Eu ficava olhando para a arquibancada e imaginando o que tinha acontecido — relembra Nelinho sobre a final de 1976.
Ainda bem que, dando um contrapeso ao passado obscuro, o lugar também abrigou jogos históricos. Em 1962, recebeu a final da Copa do Mundo, conquistada pelo Brasil com uma vitória por 3 a 1 sobre a Tchecoslováquia (gols de Amarildo, Zito e Vavá). Na ocasião, os anfitriões ficaram com o terceiro lugar — seu melhor posicionamento em Mundiais. O grito de campeão só foi desentalado das gargantas chilenas em 2015, quando os donos da casa, treinados por Jorge Sampaoli, sediaram e conquistaram a Copa América, batendo a Argentina de Messi nos pênaltis.
A viagem
Com quase nove meses de antecedência, é difícil precisar se Grêmio ou Inter estarão presentes em Santiago no final do ano. Mas, para quem quiser começar a se programar, vale ir fazendo os cálculos e preparando o bolso para arcar com locomoção, hospedagem e alimentação.
Em orçamento feito pela agência de viagem CVC, passagens de avião de ida e volta, saindo dia 22 e voltando no dia 24, ambas com escala em Buenos Aires, custam mais de R$ 1,2 mil. A duração do voo é de 4h30min. Quem quiser gastar menos, pode optar pelo trajeto por terra. Obviamente, como de costume, torcedores irão locar ônibus para ir à capital chilena em caso de presença gaúcha na final.
Ainda assim, há um serviço disponibilizado pela rodoviária de Porto Alegre por meio da empresa Chilebus. Com passagens no valor de R$ 450, um ônibus passa pela Capital todas as segundas-feiras, vindo de São Paulo, com destino a Santiago. O percurso leva em torno de 38 horas, com paradas previstas nas cidades de Uruguaiana, Santa Fé e Mendoza, na Argentina. Como a final ocorrerá em um sábado, é preciso avaliar que, quem optar por esta viagem, chegará às 19h de terça-feira, tendo de arcar com as despesas de hospedagem até o dia do jogo.
Aí mora mais um problema. Os hotéis três e quatro estrelas localizados no centro da cidade cobram cerca de R$ 480 por duas diárias. Além disso, é preciso pagar um táxi para chegar ao estádio, que fica distante uma hora se o trajeto for feito a pé. Para diminuir os gastos, uma boa opção seria hospedar-se em um hostel, com quarto e banheiro compartilhados, mas cerca de 20min do local da partida e por um preço bem mais camarada: R$ 93. Outra saída seria recorrer, em vez de táxi, às linhas de metrô — o ticket custa 660 pesos chilenos (em torno de R$ 3,70 na atual cotação).