
Sabem qual é o problema das projeções em futebol? É que elas simplesmente não funcionam em mata-mata. A tensão, a atenção ao jogo, a pontaria, o detalhe e, às vezes, a sorte ou talento, podem desequilibrar.
A Bombonera viu mais um desses exemplos na noite de quarta-feira, assim como o Monumental de Núñez havia visto na terça. O Boca abriu uma vantagem enorme sobre o Palmeiras, quase do mesmo tamanho da que o Grêmio construiu sobre o River Plate. Em circunstâncias bem parecidas.
Como no duelo anterior, Boca e Palmeiras também prometeram mais do que entregaram. Claro, entende-se o fator decisão e tudo o que acompanha. Mas faltou jogo. O estádio sentiu isso, inclusive. Aquela história de que a Bombonera joga sozinha é conversa. Não tem torcida que aguente pular o tempo todo se a equipe não ajudar.
E estava assim na quarta. Já havia até um ensaio de vaias. O Boca não achava soluções para romper as linhas defensivas do Palmeiras, o Palmeiras parecia preocupado demais em só não deixar o Boca romper suas linhas defensivas. E esqueceu-se de que também precisava agredir.
Assim, o jogo arrastou-se por quase 85 minutos entre chutões, cabeceios, faltas e passes laterais. Foi quando ter centroavante fez diferença.
Benedetto estava no banco. Recuperado de uma ruptura no ligamento do joelho, o goleador via da reserva Ábila travar (e perder) um duelo com Luan e Gustavo Gómez. Chamado por Schelotto, entrou frio naquele ringue da área.
E foi o protagonista da noite em cinco minutos. A sorte do Boca começou a mudar quando Felipe Melo, que era um dos melhores em campo, cometeu uma falta na entrada da área. Olaza bateu, Weverton voou e salvou. No escanteio, gol de Benedetto.
Pouco depois, o centroavante mostrou outra arma: com habilidade, entortou Luan e disparou um chute seco, rasante, na bochecha da rede. Golaço. Depois do 2 a 0, sim, a Bombonera pulsou, e o Palmeiras só queria que o jogo acabasse.
Confrontos tensos são assim, decididos no detalhe. Em dois jogos com cara de 0 a 0, houve vantagem para quem teve mais competência para usar esse "detalhe" a seu favor.
Antes das partidas de ida das semifinais, dizia-se que River Plate x Grêmio era um confronto com 55% de chance para os argentinos contra 45% dos gaúchos um, enquanto Boca Juniors x Palmeiras estava em uns 65% a 35% para os paulistas.
Pois ao final de uma das semanas mais pulsantes da futebolística Buenos Aires, a probabilidade estatística inverteu-se. E isso, em tese, é bom para o Grêmio. De fato, o Boca pareceu ter menos time do que o Palmeiras (que já venceu os gaúchos duas vezes na temporada). Mas como confiar em teses num mata-mata?