Na história da Libertadores – e já se vão 56 anos –, nunca um time tinha ficado sem levar gols por quatro rodadas. Prazer, Atlético Nacional. Na edição atual, só um time superou 10 gols. Prazer, Atlético Nacional. Só um time tem 100% jogando mais de uma partida fora de casa. Prazer, Atlético Nacional.
O xodó de 2016 na América do Sul é o campeão colombiano. O Atlético Nacional venceu seus quatro jogos da Libertadores, fez 11 gols e não levou qualquer. Sua última proeza foi enfiar 4 a 0 no Peñarol dentro do Centenário. Antes, tinha feito 2 a 0 no mesmo Peñarol, 3 a 0 no Sporting Cristal e 2 a 0 no Huracán, na Argentina. Trata-se de um time veloz, jovem e ofensivo. Que diverte quem assiste na mesma medida em que parece divertir quem joga. E nada disso é acaso.
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– Esse é um processo longo, que começou em 2011. Naquela época, vieram 14 jogadores e, ainda que tenham chegado alguns e saído outros, a base foi mantida – explica o jornalista Jhony Gutierrez, do canal de televisão colombiano RCN.
O trabalho foi iniciado por Juan Carlos Osorio, que teve passagem pelo São Paulo. A partir dele, alguns conceitos foram implantados, como apostar na velocidade, na troca de passes e na intensidade da marcação. Com a saída do técnico, Reinaldo Rueda assumiu o comando e aprimorou o modelo. Segundo Gutierrez, deu mais equilíbrio ao time, o que aumentou o número de gols feitos e reduziu os sofridos.
– Muitos aqui na Colômbia pedem que o Atlético Nacional seja a base da seleção nas Eliminatórias da Copa – comenta Gutierrez.
O desafio do clube, agora, é romper as fronteiras. São cinco títulos nacionais e um vice nas últimas cinco temporadas (há dois campeonatos por ano). Fora do país, o time foi vice-campeão da Sul-Americana em 2014. Nas últimas Libertadores, o máximo que atingiu foi a fase de quartas de final. É um projeto da direção: voltar ao topo da América após 26 anos.
– Ganhar a Libertadores é uma obsessão da direção, da comissão técnica, dos jogadores e da torcida, uma vez que todos os títulos nacionais já foram conquistados – comenta Gutierrez.
A arquibancada tem refletido esse desejo. O Estádio Atanasio Girardot, com capacidade para 44 mil torcedores, não baixa de 35 mil pessoas por jogo. Uma hinchada apaixonada, barulhenta e intensa, que incentiva os jogadores e pressiona rivais.
– Dos que vi, o Atlético Nacional é o time que mais se aproxima do futebol europeu, de aproximação, triangulações, troca de posições entre os jogadores de ataque – analisa o narrador Gustavo Villani, da Fox Sports, que quase ficou rouco nas duas últimas semanas, ao narrar os seis gols dos colombianos sobre o Peñarol.
Ele lembra que quatro jogadores estão na lista de José Pekerman para enfrentar Bolívia e Equador: o lateral-esquerdo Díaz, o volante Perez e os atacantes Ibarbo e Marlos Moreno – este último, com apenas 19 anos, já teve rejeitada uma proposta de 15 milhões de euros do Porto.
– O time passou com sobra às oitavas, é inquestionável – resume.
Como joga
Por André Baibich
– Uma das principais armas do organizado time de Reinaldo Rueda é o entendimento entre o jovem Marlos Moreno e o centroavante Ibarbo. O comandante do ataque movimenta-se com intensidade, deixa a área para aparecer atrás e dos lados. É a senha para que Moreno ocupe o espaço e apareça para finalizar, uma de suas qualidades. Outro atributo dos colombianos é a saída de bola precisa, que conta com os lançamentos longos de Mejía para acionar os lados do campo, ocupados por Moreno e o veloz Copete, que joga aberto pelo flanco esquerdo.
*ZHESPORTES