Sabendo que Rochet ainda precisaria de um tempo maior para se recuperar de uma lesão na costela e ficaria de fora dos jogos do Inter por cerca de 45 dias durante a Copa América, o Colorado decidiu no início do ano investir em outro goleiro e fechou a contratação de Ivan, do Corinthians.
O goleiro de 27 anos, com passagens pelas categorias de base da Seleção Brasileira, precisava retomar seu espaço no futebol, perdido nos tempos do clube paulista e no Zenit, da Rússia. Com a promessa de que teria espaço para atuar em razão das ausências do uruguaio, aceitou a proposta do Inter.
— Eu até tinha outras propostas, né? Mas na época era um ano que eu ia ter bastante oportunidade — comentou Ivan à Zero Hora.
O que Ivan e nem a diretoria colorada contavam, porém, era que uma grave lesão no joelho logo no primeiro jogo da temporada deixaria o jogador afastado por 10 meses.
Nesta quinta-feira (21), exatamente 10 meses depois de o goleiro deixar o Beira-Rio no intervalo da partida contra o Avenida com o ligamento do joelho direito rompido, Ivan está entre os relacionados do Inter para enfrentar o Vasco e poderá ser uma alternativa entre os reservas.
— Acredito que quando a gente passa por um tipo de lesão desse tamanho, fica mentalmente mais forte — destacou o goleiro colorado.
Após a cirurgia e um longo tempo de recuperação, Ivan voltou aos treinos no início de novembro e foi relacionado por Roger Machado para a viagem ao Rio de Janeiro. Antes do embarque, em entrevista exclusiva para Zero Hora, o goleiro do Inter deu detalhes da recuperação e comentou sua expectativa para a sequência da temporada. Confira abaixo.
Confira a entrevista completa com Ivan
Como foi o período de recuperação da lesão?
Momento difícil, de superação. Eu vim aqui para o Inter com a proposta de dar uma retomada na minha carreira, de atuar em grande clube novamente. Infelizmente, acabei passando por esse momento de infelicidade, mas graças à Deus hoje me encontro muito bem e com saúde para retornar meus passos com a camisa colorada.
A lesão foi logo no primeiro jogo...
Então, foi tudo muito rápido. Eu lembro que eu cheguei, me apresentei dia 6 de janeiro, e a nossa estreia no Gauchão, contra o Avenida, foi no dia 21. Não tinha nem ido atrás ainda de lugar para morar, ver casa, ver essas coisas. O jogo foi no domingo. Eu lembro que na segunda já tinha marcado cirurgia e feito exames. Foi realmente uma infelicidade, algo que nunca imaginei que ia passar na minha carreira. Agora no jogo contra o Vasco, vai completar 10 meses da lesão.
E era um período em que o Rochet estava machucado e depois estaria à disposição do Uruguai. Foi difícil de lidar com a decepção de receber a chance e logo se lesionar?
Eu até tinha outras propostas, né? Mas na época era um ano que eu ia ter bastante oportunidade. Ele (Rochet) é um dos melhores goleiros no Brasil, não é à toa que ele é o titular da seleção uruguaia. Mas ia ter a Copa América, foi um ano em que ele ficou ausente por bastante tempo, praticamente o Gauchão todo. Mas coisas de futebol são coisas que acontecem, e a gente tem que estar preparado para tudo.
E agora, 10 meses depois, recuperado, você irá viajar ao Rio para fazer parte do grupo que enfrenta o Vasco. O que esperas do restante de temporada?
Acredito que quando a gente passa por um tipo de lesão desse tamanho, fica mentalmente mais forte. E falando de expectativa no resto do campeonato, a gente sabe que o Inter vem embalado, invicto há 14 jogos, e o time está bem encaixado. Da minha parte, respeito totalmente os goleiros que aqui estão no plantel. Rochet é indiscutível. Tanto o Fabrício quanto o Anthoni, quando tiveram oportunidade, foram muito bem. A gente tem que frisar isso, respeitar também a hierarquia que tem dentro do futebol. Mas eu vou tentar o meu espaço. Me encontro quase próximo ao 100%. Eu me sinto bem, venho fazendo bons treinos também. E vou dar o meu melhor. E eu espero retomar, terminar bem esse ano, fazendo de tudo para estar entre a lista dos relacionados.
O contrato com o Inter vai até 2026, então são ao menos mais dois anos de Beira-Rio. Você pensa que no ano que vem pode ganhar uma sequência?
Sempre tem expectativa, como eu disse. Acho que a gente, quando vem para um grande clube, tem de estar preparado para as coisas que podem acontecer. E com certeza o meu sonho é esse. Todo atleta que vem para o Inter tem que ter esse desejo de querer se firmar, de ter mais oportunidades.
Um jogador que tem uma lesão grave e fica muito tempo afastado dos treinos, da convivência com os companheiros de CT e vestiário, pode ficar abalado. Como foi seu trabalho psicológico para conseguir se recuperar de lesão, manter a forma física e agora ter condição de voltar na melhor forma?
Foi muito difícil. Tinha acabado de chegar e ainda estava me adaptando com os novos companheiros. Mas aos poucos fui me aproximando, me fortalecendo da maneira que eu podia. Tentei sempre estar próximo da minha família, que me ajudou. Minha família viajou aqui para Porto Alegre, fiquei uns dias com eles, minha mãe também me ajudou bastante. Procurei manter positividade, independentemente da adversidade que eu encontrava ali naquele momento.
Qual sua condição física no momento?
Eu já fiz treinos com o grupo, estou cada vez mais próximo do que é o meu 100%. Inclusive hoje eu me sinto até melhor fisicamente e antes da lesão, algo que é meio que automático. Você acaba se cuidando mais, fazendo alguns treinos específicos.