Vivo na Copa do Brasil, um dos favoritos na Sul-Americana e integrante do Z-4 do Brasileirão, o Corinthians, próximo adversário colorado, atravessa o 2024 como se estivesse em uma montanha russa. De denúncias de corrupção a erros em contratos, o clube tenta sair da zona de rebaixamento enquanto encara problemas administrativos, financeiros e com uma contratação ultramilionária de nível mundial.
Para explicar como chegou até aqui, é preciso voltar a 25 de novembro do ano passado. Neste dia, Augusto Mello venceu André Negão na eleição para suceder Duílio Monteiro Alves, que vinha sendo criticado pela torcida.
Mas já no primeiro mês depois de assumir o cargo, envolveu-se na primeira polêmica, ao perder Lucas Verissimo sem renovar contrato. Logo a seguir, teve o Caso Gabigol. O atacante do Flamengo apareceu em uma foto usando a camisa do Corinthians. O presidente do clube paulista externou o desejo de contar com o atleta e afirmou que ele tinha sido oferecido. Houve um desmentido e a negociação nunca avançou.
Ainda em fevereiro, o presidente demitiu Mano Menezes, que fazia um péssimo Paulistão. Para isso, pagou mais de R$ 10 milhões de multa, fruto de contrato assinado ainda no mandato anterior. Para substituí-lo, houve a primeira gafe por desconhecimento de regra. O Corinthians negociou com Marcio Zanardi, do São Bernardo. Mas o regulamento do Estadual impedia o técnico de treinar mais de uma equipe no mesmo campeonato. António Oliveira foi contratado.
Na sequência, Matías Rojas pediu desligamento na Justiça alegando salários atrasados. Hoje, está no Inter Miami. A saída do jogador foi a gota d'água para demitir o diretor de futebol Rubens da Silva Jr, o Rubão. O presidente chegou a chamar o dirigente de mentiroso, por ter falado que havia administrado a situação do paraguaio.
Nesse período, houve a situação com a patrocinadora Vai de Bet. A casa de apostas, que prometeu a maior verba da história do futebol brasileiro — R$ 370 milhões por três anos —, virou caso de polícia. Em 7 de junho, rescindiu o contrato com denúncias de que um laranja, ligado ao presidente, intermediou a negociação. A Esportes da Sorte, que também vem sendo investigada, assumiu o lugar.
Segundo o setorista Marcelo Alexandre, do portal Meu Timão, a nova patrocinadora ofereceu R$ 213 milhões por dois anos e meio de contrato. E um bônus de R$ 53 milhões para investir em um reforço de renome mundial. É aí que entra Memphis Depay. O holandês assinou um contrato de mais de R$ 45 milhões anuais. E, em tese, será tudo pago pela empresa, que ficou fora da lista de bets autorizadas a operar no Brasil. Ele não pôde jogar a semifinal da Copa do Brasil por ter sido inscrito fora do período permitido.
E teve ainda a saída de Cássio. Maior ídolo dos últimos 30 anos, o goleiro deixou o clube após desgaste com a direção. Seu substituto seria Carlos Miguel, mas o Corinthians não se protegeu, e ele também deixou o clube, praticamente sem custos, para o Nottingham Forest, já que os paulistas não tinham conversado sobre renovação. O terceiro goleiro, Hugo, custou R$ 500 mil a mais para poder atuar na Copa do Brasil também por uma falha administrativa. Caso semelhante ao que ocorreu com Depay, cujo período de contrato é diferente do informado: o Corinthians divulgou que seria até 31 de dezembro de 2026, mas o documento assinado esclarece que é até 31 de julho de 2026.
Em campo, António Oliveira deu lugar a Ramón Diaz. O time melhorou sob seu comando. Avançou nas competições mata-mata. Na Copa do Brasil, perdeu por 1 a 0 para o Flamengo na partida de ida das semifinais. Na Sul-Americana, abrirá a disputa contra o Racing, também na semifinal, após a data Fifa. E, no Brasileirão, ficou apenas oito rodadas fora do Z-4.
— A ideia do time é fazer os seis pontos em casa, contra Inter e Athletico-PR. Daí vai ter tranquilidade para colocar força máxima na semifinal da Copa do Brasil. Até agora, o foco tem sido sair da zona de rebaixamento — completa Marcelo Alexandre, do portal Meu Timão.
O Inter enfrentará um caldeirão. Todos os 46 mil ingressos foram vendidos. Itaquera tenta salvar o Corinthians.