De celular na mão, Alan Patrick reuniu os jogadores, os posicionou e tirou a selfie que vai virar fundo de tela em quantos celulares do Rio Grande do Sul. Minutos antes, logo após o apito final de Bruno Arleu de Araújo, Roger, punhos cerrados, veia saltada, um berro libertador, entrou em campo a passos largos e recebeu, em seguida um abraço de Alessandro Barcellos e de D'Alessandro.
O Gre-Nal 443 terminou em festa no Beira-Rio. Pela terceira vez em 2024, os colorados celebraram um triunfo sobre o rival. Pela terceira vez seguida, venceu em casa. Pela quarta vez seguida, ganhou do Grêmio. Pela décima vez em fila, saiu de campo sem ser derrotado. Um clássico para consagrar a força colorada no duelo que realmente importa no Estado.
Foi um clássico especial para Roger. Seu primeiro em vermelho tira qualquer dúvida sobre seu profissionalismo. Ele foi protagonista involuntário da última polêmica da longa "semana" Gre-Nal. Foi justamente essa palavra, protagonista, a que causou a celeuma. Em entrevista ao programa "Sem Filtro", de GZH, Roger foi diminuído pelo vice-presidente de futebol tricolor, Antônio Brum. Para o dirigente, o atual técnico colorado não é ídolo porque não era protagonista dos 11 títulos que conquistou no clube.
O técnico colorado não se furtou de responder. Dentro do tom já conhecido, sem elevar a voz, sem se exaltar, sem viver um personagem, admitiu ter recebido o vídeo, inclusive de sua família. Foi um dos poucos conteúdos pré-Gre-Nal que consumiu, o que vazou sua bolha, na tentativa de não entrar na pilha do clássico.
— Tudo isso faz parte do folclore. Gostaria eu que fosse uma tentativa de me desestabilizar. Sabemos que tem coisas mais profundas. Nossa tentativa era de blindar o grupo. Em nenhum momento usei a declaração para motivar meus atletas. Temos de ser mais do que isso. A motivação era o clássico, o que vale. O resto é história que vamos contar para os netos — declarou, sem especificar as "coisas mais profundas".
Para Roger, a tentativa de se blindar funcionou. Mesmo em uma semana que, para o Inter, durou 14 dias, o conseguiu ficar alheio às polêmicas. Evitou até mesmo os elogios.
— Se eu absorver tudo, é difícil. Esse período foi mais longo do que estamos acostumados, não foi fácil lidar com essa ansiedade a semana inteira. Nosso foco foi preparar o time e, na medida do possível, filtrar o que viria de fora. Foram emoções bem digeridas a medida certa, comemorada ao final do jogo pela felicidade, agradecendo aos atletas e à torcida como fui recebido — completou.
Relação com a torcida
Sobre a torcida, um capítulo à parte. Ele foi ovacionado pelos mais de 45 mil colorados no Beira-Rio antes da partida. E Roger contou uma história que ilustra bem essa ligação entre arquibancada e time:
— Estava com meus fones e ouvi uma gritaria, achei que era briga no ônibus. Mas era D'Alessandro mandando parar o ônibus antes. Pediu para descermos fora da garagem para que sentíssemos a energia da torcida.
Homenagem de Borré
Outro personagem do clássico foi Borré. Em sua estreia no Gre-Nal, perdeu uma chance clara, mas estava no lugar certo para colocar a cabeça na bola e decidir em favor do Inter. O colombiano revelou que homenageou um compatriota:
— Conversei com Rentería (que jogou no Inter entre 2005 e 2006). Comemorei como o saci (como fazia Rentería) para ser uma lembrança dele, inclusive usamos o mesmo número. O Gre-Nal era algo que queria viver. Desde que cheguei ao Inter tinha vontade de viver o clássico. Aqui se vive de forma muito linda o clássico. Pude fazer o gol e sair com a vitória. Foi completo.
Completo. Este é um bom adjetivo para o 2024 colorado em Gre-Nais. Ganhou no Gauchão, ganhou no Brasileirão, ganhou em Curitiba e ganhou no Beira-Rio. Quebrou uma marca de meio século com os 100% de aproveitamento no ano sobre o Grêmio. No que se trata de rivalidade, de fato, o Inter termina a temporada completo.
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