Roger Machado apresentou em números o que exige de seu time e, mais especificamente, de seus jogadores ofensivos. No Inter atual, a bola precisa ser recuperada pelo menos 80 vezes. E ao menos 25 desses desarmes e interceptações têm de ser no campo de ataque. Mais: sempre que possível, o quarteto ofensivo é quem deve realizá-las.
Após a vitória sobre o Cuiabá, Roger explicou essa necessidade. Segundo ele, para vencer um jogo no Brasileirão, o time precisa ter de 80 a 90 ações defensivas. Por ações defensivas, entende-se desarmes, rebatidas e interceptações. A diferença do desarme para a interceptação, em sua descrição, é a consequência da bola. No desarme, o Inter fica com a posse. Na interceptação, o adversário continua com o controle, mas se atrasa para concluir o lance.
Mas mais do que o número de ações defensivas, a exigência de Roger é que isso ocorra o máximo de vezes no campo de ataque. Em seu cálculo, se a equipe recuperar a bola ao menos 25 vezes na frente, a chance de vencer beira os 100%. Claro, vai depender da pontaria dos atacantes e do imponderável do futebol.
E sobre os atacantes, o pedido do treinador é de participação frequente. Ele quer que os jogadores tenham, cada um, cinco ações defensivas por jogo.
— Comentei aos jogadores do ataque (inclui o trio de meias e o centroavante) que se eles tiverem essa participação, não só vamos vencer como eles mesmos serão decisivos no jogo — disse.
Claro que os números sozinhos não vão explicar os resultados. É necessário colocá-los em contexto. Nas partidas mais recentes do Brasileirão, por exemplo, no pior resultado (derrota para o Atlético-GO), o Inter teve mais ações defensivas do que contra o Cuiabá (3 a 0 em casa). Mas aí entra a situação: em Goiânia, o time precisava correr atrás do placar, e para isso aumenta a intensidade dos combates; no Beira-Rio, abriu 2 a 0 antes do intervalo, o que permite mudar a estratégia e buscar desarmes de olho no contragolpe.
Ao Football DNA, um portal especialista em análise tática do futebol, o professor Ross Brooks, atual auxiliar do West Ham, da Inglaterra, explica:
— Os benefícios de pressionar alto são múltiplos, mas o principal é recuperar a posse de bola quando a equipe adversária está desequilibrada. Isso deixará espaços vazios e facilitará para concluir as jogadas.
O desafio do Inter, agora, é repetir fora do Beira-Rio o desempenho em casa também nesse aspecto. No domingo, a chance é contra o São Paulo, no Morumbi. Quanto mais vezes conseguir, mais próximo estará de atingir o objetivo de conquistar uma vaga para a Libertadores 2025.
Ações defensivas do Inter
Cuiabá
- 92 total
- 9 dos atacantes
Fortaleza
- 116 total
- 12 dos atacantes
Juventude
- 85 total
- 5 dos atacantes
Cruzeiro (F)
- 71 total
- 11 dos atacantes
Cruzeiro (C)
- 122 total
- 7 dos atacantes
Atlético-GO
- 118 total
- 9 dos atacantes