- Entenda os motivos pelos quais Alessandro Barcellos dá respaldo aos atuais dirigentes;
- Atual modelo de atuação do vice-presidente de futebol é questionado por críticos e respaldado pelo presidente;
- Saiba qual é a participação de Magrão na indicação de jogadores e a relação dele com a atual comissão técnica;
- Promessas de campanha são cobradas internamente.
O jejum de vitórias e recentes eliminações nas copas gerou pressões internas e externas no Inter por mudanças no departamento de futebol. O vice-presidente de futebol Felipe Becker e o diretor esportivo Magrão tiveram os cargos contestados por aliados de Alessandro Barcellos e também torcedores nas redes sociais. Porém, o presidente respaldou os dirigentes e, neste momento, tenta dar uma sobrevida para ambos nas funções.
Em reuniões na última semana, depois da queda na Sul-Americana, mas potencializada pela saída precoce para o Juventude, então de Roger Machado, na Copa do Brasil, movimentos políticos que compõem a base política do Conselho de Gestão do clube reafirmaram críticas pelo desempenho da dupla.
A espécie de blindagem de Barcellos para Becker é creditada principalmente aos arranjos nos bastidores entre conselheiros. Ele faz parte do grupo Convergência Colorada que tem, por exemplo, Victor Grunberg, apontado como possível candidato de situação no próximo pleito presidencial. A mudança poderia gerar um abalo no apoio de alguns correligionários.
Questionamentos ao modelo
Também há nos corredores do clube questionamentos sobre o modelo atual da estrutura do departamento de futebol, que transforma o cargo de vice de futebol em algo apenas político. Nesse formato, o dirigente abnegado deve apenas representar a instituição em entrevistas, compromissos e chefiar, eventualmente, a delegação em algumas viagens. Diferente da forma de atuação marcante do passado, com a presença de profissionais especializados para lidar com jogadores e na busca por contratações.
Há alguns meses, o presidente colorado chegou a sondar alguns nomes para a alteração do cargo. Figuras de movimentos de situação e até mesmo de oposição foram sondados, como o de José Aquino Flores de Camargo, ex-opositor na eleição presidencial de 2020, e José Amarante, ex-vice de administração.
Críticas a Magrão e o caso Lucca Drummond
Já a situação de Magrão chama mais a atenção. Ele é considerado um ídolo do clube e com aceitação entre torcedores e associados. O retorno foi anunciado em maio de 2023 e, atualmente, no organograma, ele tem a posição de “diretor esportivo”. Ele divide atribuições com Felipe Dallegrave e Ricardo Sobrinho para tratar, por exemplo, sobre contratações e questões diárias da pasta.
Além de relações internas, que geram críticas ao ex-jogador, a indicação de Lucca Drummond para o time sub-20 e depois a ascensão do jovem aos profissionais renderam questionamentos de conselheiros e integrantes da direção. O fato também foi debatido nas redes sociais e fez o profissional lançar uma nota sobre o episódio:
— Especificamente em relação ao atleta Lucca Drummond, minha participação em sua contratação para a categoria de base se resumiu à indicação do nome para avaliação. A efetivação da sua contratação foi realizada pelos profissionais devidamente habilitados da categoria de base, dentro das estruturas definidas pelo clube, sem qualquer compensação financeira para as partes envolvidas. Destaco que a promoção e utilização do referido atleta no plantel principal coube unicamente à comissão técnica que, durante sessões de treinamento que contaram com sua participação, identificou nele atributos apropriados ao plano de jogo a ser desenvolvido, sem qualquer influência por interesses outros que não o desportivo — declarou Magrão.
— Por fim, repudio veementemente os ataques direcionados a mim e à minha família e ressalto que medidas cabíveis estão sendo tomadas nas esferas civil e criminal, devidamente amparadas por documentos e provas de toda espécie — acrescentou.
Barcellos, internamente, nas reuniões, saiu principalmente em defesa de Magrão. Para ele, o trabalho de prospecção e entrosamento com outros profissionais dará resultado em breve. A chegada de Wesley, que tem se destacado com a camisa colorada na temporada, é creditada a indicação de diretor. Outro motivo para descartar, neste momento, a saída dele é a janela de transferências aberta.
Relação com a nova comissão técnica
A saída de um dos responsáveis pela engrenagem do sistema poderia atrapalhar a reformulação pretendida no plantel, já que atletas devem deixar o grupo para diminuir os gastos. Há boa relação com Roger Machado, novo treinador, que comandou Magrão no Novo Hamburgo, em 2015.
Cobranças de promessas de campanha
Nos bastidores também foram cobradas algumas promessas de campanha no final do ano passado. Um coordenador técnico, auxiliar técnico permanente e outros cargos vagos no organograma planejado, incluindo, maior autonomia no trabalho de vice-presidentes em algumas pastas também foram solicitados.
A pressão, mesmo com protestos, foi contornada temporariamente. Caso a equipe não dê resposta nos próximos duelos, com três partidas seguidas no Beira-Rio, contra Palmeiras, Athletico-PR e Juventude, aumentando o jejum de vitórias, que já chega a 40 dias, poderá modificar o posicionamento do mandatário e dos demais dirigentes da alta cúpula do clube.