Há dois anos no Inter, Renê jamais esteve próximo de perder o posto de titular. O camisa 6, mesmo contestado por algumas falhas, é o dono da posição pelo papel tático e pelo desempenho comprovado com números, segundo os técnicos. A saída dele poderia representar mudanças no restante da equipe por um "equilíbrio" que dá ao time. Seu contrato vai até o final de 2024, e o Inter estuda prorrogá-lo.
Renê teve momentos de críticas também em Sport e Flamengo, suas duas equipes anteriores. Porém, mesmo acumulando falhas em momentos decisivos, é apontado como um profissional sério e competente, tem reconhecimento dos demais atletas, inclusive, sendo tratado quase como "vice-capitão" na ausência de Alan Patrick.
São 108 partidas como jogador colorado, com dois gols e seis assistências. Os números vêm do Sofascore. Para a plataforma, ele tem o melhor rendimento na temporada entre os laterais da Série A nos quesitos efetividade nos passes (87%) e acerto nos cruzamentos (38%), além da participação defensiva.
Mas nada disso apaga erros em lances cruciais. O gol contra no Gre-Nal, os vacilos contra o Fluminense, pela semifinal da Libertadores, e o mais recente diante do Belgrano, fato que foi reconhecido por ele:
— Acabei me desentendendo com o Fernando, achei que faria o movimento, mas ele não fez e dei o passe errado que resultou no gol. Tentamos sair rápido, ficamos expostos e tomamos gol. Em três minutos, estragamos o nosso ótimo primeiro tempo. Vamos levantar a cabeça e saber que nem tudo está perdido — declarou após o jogo.
Em 2023, já com Coudet, o Inter prospectou a contratação de Dalbert. Mesmo com cartaz de anos no futebol europeu, ele não deslanchou. Neste ano, a opção foi apostar em Bernabei, mas que ainda não teve tantas oportunidades.
Nos bastidores, a mudança, apesar de simples, é vista como improvável pelo contexto de encaixe tático de Eduardo Coudet. O primeiro ponto é a ofensividade de Bustos que tem liberdade para avançar ao campo adversário. Renê tem orientações para fechar o sistema defensivo junto aos zagueiros, formando uma linha de três. O segundo é o meia pela esquerda ser um ponta de origem, casos de Wanderson e Wesley.
— Renê faz com Coudet uma função que tem pouco de lateral. O que ocorre somente na fase defensiva. Na fase ofensiva, ele faz a saída de três como um zagueiro e vira meio-campista quando a bola chega ao ataque. Eu não tiraria Renê, mas tiraria dele a função em que a bola passa tanto pelos seus pés. Faria dele mais lateral e menos construtor - detalhou Leonardo Oliveira, colunista de GZH.
O planejamento da comissão técnica prevê rodagem das alternativas pelo calendário. O jogo, em Tarija, na Bolívia, era para ser de chance para Bernabei, mas o revés contra o Belgrano poderá mudar para o duelo já diante do Cuiabá pelo Brasileirão:
— Sou defensor do Renê, ele tem muita importância para o sistema defensivo do time, mas os erros capitais fazem com que deixe de ter a importância que o Coudet dá a ele para o time, principalmente, quando o coloca como armador. No meu entendimento, chegou o momento de ver se tem alguém para substituí-lo. É momento de sequência para Bernabei para vermos se tem condições de ser titular — resume Vagner Martins, comentarista colorado da Rádio Gaúcha.
Na última semana, na quarta-feira (22), ainda antes do duelo com o Belgrano, Renê foi liberado pela direção para tratar de questões particulares. Segundo apurou a reportagem, o atleta opta pelo sigilo sobre o tema, mas "não há nenhum problema sério" com interferência em seu rendimento.