Em meio a uma crise social gravíssima, o povo equatoriano se dividiu nesta semana entre as urnas e o futebol. Vivendo um histórico de violência, com um aumento nos homicídios e no tráfico de drogas, a população participou de um referendo popular para que o cenário atual seja alterado pelas autoridades públicas. A bola, no entanto, não deixou de rolar no país.
O presidente do Equador, Daniel Noboa, lançou à população um pacote de medidas buscando resolver os problemas de segurança no país. No último domingo (21), mais de 13 milhões de equatorianos votaram de forma positiva para que ações mais rígidas de segurança sejam implementadas pelo governo.
— O povo votou pela militarização das prisões. Espera-se que com essas medidas a questão da segurança, que hoje é preocupante, seja melhorada — explica o jornalista Ligner Mendoza do canal OromarTV.
Para se ter ideia da crescente onda de violência que assola todo o país, no dia do referendo, o diretor de um presídio que fica na localidade de Jipijapa, distante cerca de 50 km de Manta, foi assassinado enquanto almoçava com a família. No início do ano, criminosos encapuzados invadiram uma rede de TV. E no ano passado, um candidato à presidência foi assassinado.
Entre as medidas que serão adotadas a partir de agora, está o trabalho das forças armadas em conjunto com a polícia. O combate ao narcotráfico também promete ser mais intenso. Das 11 questões apresentadas no referendo do último domingo, apenas duas não foram aprovadas. Os temas envolvendo a economia foram rejeitados pelo eleitor.
— Sendo muito sincera, espero que com o referendo que ocorreu cumpram com o que que prometeram. Precisamos que isso aconteça para que possamos seguir em frente porque não podemos ficar parados esperando. Está muito difícil — desabafou a jornalista Domenica Pena.
Mesmo com esse problema grave de segurança, o futebol vem transcorrendo com certa normalidade. O campeonato equatoriano continua com suas rodadas sendo disputadas, assim como partidas pela Libertadores e Sul-Americana.
Em entrevista coletiva na terça-feira (23), o chefe de segurança do Delfín, Luigi Pico, falou sobre o reforço policial para a partida.
— O tema segurança é muito importante, por isso estamos tomando todos os cuidados possíveis. Precisamos mostrar uma cidade segura. Para o jogo teremos aproximadamente 85 agentes da polícia nacional e mais 120 seguranças contratados pelo clube — explicou o dirigente.
Para o duelo no Estádio Jocay, em Manta, o Delfín espera aproximadamente 6 mil torcedores. Praticamente o mesmo público do empate por 1 a 1 com o Belgrano-ARG, também pela Sul-Americana, considerado muito bom pelo momento vivido pela equipe e devido à falta de segurança.
— As pessoas comparecem. Aliás, em Manta, tem havido uma grande presença de torcedores. Diferentemente do que ocorreu nos anos anteriores — falou Ligner.
Delfín e Inter jogam a partir das 23h (horário de Brasília), no Estádio Jocay, pela terceira rodada da fase de grupos da Copa Sul-Americana.