Já se vão 16 dias desde a última impressão deixada pelo Inter no Beira-Rio. A pior possível. A queda na semifinal do Gauchão ainda marca o clube, a torcida e o time. E o reencontro do estádio com a equipe precisa, obrigatoriamente, ser de retomada. Chance para a volta por cima especialmente de Mauricio, que deve ser titular, e de Robert Renan, possivelmente reserva na partida das 21h contra o Real Tomayapo pela segunda rodada da Copa Sul-Americana.
A forma como Mauricio será recebido no Beira-Rio é um dos mistérios da noite. A expulsão contra o Juventude foi considerada fundamental para que o Inter não virasse o jogo ainda no tempo normal. E ela ocorreu minutos depois de ele ter perdido uma oportunidade clara.
Para piorar, circulou um boato na segunda-feira de que ele teria pedido para ser negociado. E as reações nas redes sociais foram de críticas ao jovem de 22 anos. Ainda durante o dia, porém, jogador, clube e agente desmentiram qualquer descontentamento. Em seu Instagram, Mauricio postou que "não procediam" as notícias veiculadas de que teria pedido para sair e que "seguia focado na preparação para os próximos desafios da temporada".
O discurso oficial é de que nada mudou na situação de Mauricio. Ele seguirá sendo relacionado normalmente, continua como principal ativo do clube e que deve ser negociado na janela do meio do ano com perspectiva de sair apenas em dezembro. O Inter deseja 8 milhões de euros (cerca de R$ 43 milhões) por sua parte (50%).
Mesmo que não seja titular, caso Coudet opte por ter os atletas mais descansados para sábado, na estreia do Brasileirão contra o Bahia, Mauricio estará relacionado. E no mínimo ouvirá seu nome nos altofalantes. Possivelmente, com algumas vaias ao fundo.
O caso de Robert Renan é pior. O zagueiro virou o vilão mais claro da eliminação após perder o pênalti cobrando de cavadinha. Não seria titular mesmo, mas agora terá um longo trabalho para recuperar parte da imagem que teve com a torcida que foi lhe buscar no aeroporto.
Levou mais de dois dias para se desculpar, o que ocorreu em uma nota escrita nas redes socias. Não entrou no jogo contra o Belgrano, fora de casa. Especulou-se até que seria negociado na janela de abril, mas não é a tendência. O zagueiro tem uma cláusula em seu empréstimo na qual repassa ao Inter um valor de "vitrine" em caso de negociação na metade do ano e um percentual ainda maior caso seja em dezembro.
No clube, há quem defenda que ele deve ser escalado de uma vez para tirar o peso da expectativa. Do tipo: entra, leva vaia, joga e pronto. Livra-se da pressão, ao menos momentaneamente. Em tese, para um defensor cuja principal virtude é a saída de bola, uma partida contra o Tomayapo seria a ideal para isso. Mas ele deve ficar no banco. Ouvirá a vaia ainda durante o aquecimento.
A partida será de pressão especialmente pela quebra da expectativa. Não ter nem ido à final do Gauchão pesa. E a esperança do início do ano dá lugar à desconfiança. O confronto com um adversário que fará sua estreia em competições continentais, que não se classificou no Campeonato Boliviano e que não tem qualquer nome conhecido parece a ideal para começar a dissipar o mal-estar e tentar recuperar o espírito para a sequência da temporada.
Recém é começo de abril, ainda é cedo para entrar em uma crise irreversível. E também dá tempo de reverter o cenário, transformar vilões de início do ano em heróis em final de temporada. O trabalho do time será convencer a torcida sobre isso.