O Juventude superou o Inter e alcançou nos pênaltis a vaga para a final do Gauchão após dois empates no duelo semifinal. O Desenho Tático de GZH mostra como foi a estratégia de Roger Machado para conseguir conter o favoritismo da equipe de Eduardo Coudet.
O sucesso tático de Roger no confronto teve início no Alfredo Jaconi, em Caxias do Sul. Pela primeira vez na temporada, o Inter enfrentou um adversário que optou por marcá-lo de forma adiantada.
Roger colocou três jogadores a pressionar Vitão, Mercado e Renê evitando a superioridade numérica na saída de bola colorada. Aránguiz sempre era vigiado por um dos volantes, deixando de ser uma opção limpa de passe. Assim, o Colorado teve dificuldade para conseguir impor seu jogo ao longo de todo a partida.
No primeiro tempo, com Valencia, o Inter ainda criou duas chances claras em transições explorando a velocidade contra a defesa do Juventude. Na segunda etapa, já sem o equatoriano e com Alario no comando do ataque, o time da Capital perdeu a capacidade de explorar às costas da defesa e os últimos 45 minutos foram de domínio alviverde.
Marcação adianta do Juventude no Jaconi:
Bloco médio e compactação no Beira-Rio
Roger Machado adaptou sua estratégia para o jogo do Beira-Rio. O Juventude deu alguns passos para trás marcando o Inter quase durante todo o primeiro tempo próximo à linha do meio-campo tendo a compactação da equipe como ponto forte.
O time da Serra reduziu o espaço entre sua linha defensiva o seus homens mais adiantados, o meia Jean Carlos e o centroavante Gilberto. Com os pontas Lucas Barbosa e Edson Carioca retornando pelos lados, o Juventude fechava bem os espaços por dentro com seus volantes Jádson e Caíque. Esse último foi um ponto alto da equipe, sendo o jogador que mais desarmou no Beira-Rio.
Marcação do Juventude tirou espaços para Inter atacar pelo centro do campo:
Essa compactação foi determinante para o Juventude bloquear a faixa central do campo, impedindo um dos pontos mais fortes do Inter na fase ofensiva, que é o preenchimento dos espaços à frente da área rival para encontrar os meio-campistas na entrelinha adversária. Sem esse espaço, o Inter não conseguiu encaixar seu jogo de toques curtos e precisou abusar das bolas longas para tentar explorar às costas da linha do Juventude, mas não obteve sucesso na primeira etapa.
— A gente sabia que o Inter, quando monta a segunda fase de construção do jogo, empurra o adversário para trás. Por isso era importante estar compactado e não permitir que eles conectassem seus principais jogadores para abastecer seus homens mais decisivos. Era preencher o meio e tendo pressão no portador da bola para que Bustos, Wanderson e Mauricio tocando menos na bola. O Inter tem uma teia de integração que a gente propôs a eles uma troca desse caminho, o que poderia ser menos decisivo no jogo. Conseguimos fazer isso com imposição física e técnica — disse Roger sobre sua estratégia no confronto.
Entrada de Valencia e melhora do Inter
Em quatro tempos da semifinal, o Inter só conseguiu ser superior ao Juventude após o intervalo do jogo do Beira-Rio. Atrás no marcador, Eduardo Coudet abriu mão de ter Bruno Henrique e mandou Valencia a campo para atuar ao lado de Lucca. Com isso, Alan Patrick foi recuado para o meio-campo.
Foi dessa forma que o Inter conseguiu empurrar o Juventude para próximo de seu gol pela primeira vez no duelo da semifinal. Lucca e Valencia ganhavam a companhia de Mauricio na faixa central do ataque, enquanto Bustos e Wanderson davam amplitude. Esse cinco contra quatro defensores do Juventude levou o time da Serra para trás. Foi assim que o Inter conseguiu o empate com Renê e teve a chance da virada desperdiçada por Mauricio.
Inter contou com mais opções ofensivas no segundo tempo:
O mesmo Mauricio se irritou com uma falta de Nenê e acabou expulso aos 30 minutos. Com 10 homens, o Inter perdeu força ofensiva e o Juventude voltou a crescer a partida. O placar não foi alterado e os números mostram o equilíbrio ao longo dos 90 minutos. O Inter teve 10 finalizações contra nove do Juventude. Em chutes no alvo, quatro para cada. Ao final de 180 minutos, o Inter teve um total de 20 finalizações (8 no alvo) e o Juventude 17 (sete no gol).
Ou seja, a diferença técnica do Inter acabou não se refletindo nas chances criadas ao longo do confronto. Taticamente, a ideia de Roger Machado se sobrepôs à de Coudet com o time da Serra conseguindo bloquear o jogo colorado. A classificação nos pênaltis premiou essa estratégia que funcionou na maior parte do confronto.