
No caminho entre a sala de coletivas, onde Roger havia acabado de falar sobre o 2 a 0 no Gre-Nal da ida da final do Gauchão, realizado no sábado (8), e o vestiário do time visitante, na Arena, D'Alessandro disse, informalmente, a quem acompanhava a comitiva do Inter:
— Vai ser a semana mais longa da minha vida.
O sentimento do diretor esportivo do clube, um dos maiores ídolos da história colorada, bate com o que vem sendo exposto tanto por quem é profissional quanto por quem só frequenta a arquibancada. Serão longos dias até domingo (16), data da segunda decisão. Uma expectativa e uma ansiedade dignas da espera pelo fim da seca de títulos. A partir da reapresentação do grupo, nesta terça-feira (11), esse será um dos focos da comissão técnica.
Por mais que tenha sido diversas vezes campeão dentro do Beira-Rio, a casa colorada tem sido o palco de eliminações dolorosas. O time caiu das últimas duas Copas do Brasil, da Sul-Americana e da Libertadores em frente à torcida. A desconfiança, portanto, é justificada. Roger respondeu sobre isso:
— Os históricos servem como base de avaliação, mas precisa levar em conta os momentos diferentes. São importantes, mas cuidamos o que chega no ambiente interno. Precisamos ter experiência para lidar com isso, faz parte do nosso trabalho de reforço de confiança e não deixar chegar os fantasmas do passado para nos desestabilizar. Mas sem desconsiderar o que aconteceu historicamente.
Discurso de humildade
O discurso interno tem sido unânime. Alan Patrick, desde o apito final, em nome dos jogadores, falou em ter humildade. Fernando, na coletiva, repetiu. Roger insistiu no tema. E o vice de futebol, José Olavo Bisol, completou:
— Não tem absolutamente nada resolvido. Ao contrário, precisamos ter muito foco e trabalho. Nosso ambiente foi construído com transparência nas relações, diálogo e humildade. A semana vai ser longa.
Nesse período, será preciso exorcizar fantasmas. No grupo atual, cinco jogadores estavam na noite em que o Inter levou a virada para o Fluminense e caiu da Libertadores. Rochet (que ficará no banco), Vitão, Bruno Henrique, Alan Patrick e Valencia estavam em campo na hora da virada. Dirigentes abnegados à parte, são eles os mais ansiosos por gravar o nome na história.
Mas afastar esses pensamentos não é tudo. Para Pedro Sá, especialista em psicologia do esporte, essa dor faz parte do dia a dia. É hora de controlá-la.
— Acho que o "trauma" precisa entrar no vestiário, sim. Não no sentido de assustar, mas para que, primeiro, se valorize o resultado da ida, na ideia de repetir esse nível de comprometimento. Não falar sobre isso é como o elefante na sala. Evitar conversar sobre isso faz que se lide com esses fantasmas de forma individual. Quando expõe e conversa sobre esses acontecimentos, permite que os jogadores não presentes nesses momentos se familiarizem com o contexto do grupo. E que os presentes nas últimas falhas possam trabalhar esses pensamentos e medos de uma forma coletiva, sabendo que não estão sozinhos. O medo faz parte do jogo — explica.
O Inter terá de usar, basicamente, aquela frase de autoajuda tão frequente nas redes sociais. Se está com medo, vai com medo mesmo.
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