Robert Renan não é o primeiro guri a fazer uma bobagem em um jogo de futebol. A cavadinha que custou a eliminação do Inter na semifinal do Gauchão ainda está nítida na retina dos colorados. E também na do zagueiro de 20 anos.
Ele foi um dos mais cobrados pela queda precoce no Estadual, e também atravessa um momento de pressão inclusive interna. Por enquanto, a preocupação do jogador é em se recuperar perante o grupo e a torcida.
Um dos pontos que incomodam parte dos colorados foi que até a noite de quarta-feira, 48 horas depois do pênalti, Robert Renan não fez nem sequer uma manifestação de arrependimento ou pedido de desculpas. Nem por meio do clube, da assessoria ou das redes sociais. O silêncio prejudica nesse começo de recuperação. É unânime entre os especialistas em gerência de crises que agir rápido facilita na resposta do público.
E a torcida do Inter parece disposta a perdoá-lo. Seja nas redes ou nas ruas, há uma boa vontade com o jogador. Os comunicadores colorados do Grupo RBS, convidados a opinar sobre o tema, em sua maioria, mostram solidariedade ao atleta.
O trabalho principal será do próprio Robert Renan. O zagueiro terá de enfrentar o fantasma da decisão e superar vaias e possíveis traumas. Para o psicólogo Mauricio Pinto Marques, doutor em Psicologia do Esporte pela Universidade de Barcelona, o zagueiro poderá buscar dentro da própria história a motivação para dar a volta por cima.
— Qualquer um que chega nesse nível mostra que é um atleta diferenciado. No caso dele, esteve na Seleção, jogou na Europa. Ele precisa buscar situações de superação que já viveu mesmo sendo jovem. O erro faz parte do futebol — opina.
O psicólogo recorda que, nesses casos, jogadores costumam receber apoio dos companheiros e da comissão técnica. Além disso, a experiência de ter atuado no Corinthians, um clube reconhecidamente popular e de alta tensão, já serve como ajuda para superar o problema.
— A maior punição foi dada por ele mesmo, e o linchamento social desses dias já é forte. Agora, terá de administrar a confiança, a concentração e a ansiedade de querer dar a volta por cima o quanto antes. É passo a passo. Mas uma ajuda profissional catalisa o caminho, desenvolve fatores de proteção.
Ser vaiado não é uma exclusividade de Robert Renan. Não deve existir qualquer jogador que nunca tenha ouvido apupos e xingamentos da própria torcida. O Inter, mesmo, tem em um de seus maiores ídolos, uma história assim. Valdomiro, tricampeão brasileiro e outras tantas do Gauchão, começou sua vida debaixo de críticas.
— Comecei no Inter com 19 anos. Fui muito vaiado. A vaia dói. A gente fica em um estado... — comentou a GZH.
Tampouco o zagueiro colorado foi o primeiro a tentar — e errar — uma cavadinha. Neymar, Cristiano Ronaldo, Pirlo, Totti e outros tantos já viram o goleiro defender uma cobrança assim.
Robert Renan está treinando com o time e não será dispensado. A direção aposta na remobilização do grupo como um todo e na do zagueiro em específico para as demais competições que restam no ano. O jogador tem contrato de empréstimo com o Inter até dezembro de 2024, com possibilidade de compra junto ao Zenit-RUS.