Uma quase desinteressante segunda rodada do Gauchão se transformou em aumento de pressão para Luiz Adriano. O centroavante colorado saiu do jogo contra o São Luiz com o estigma de ter sido uma espécie de responsável pelo 0 a 0. A chance da vitória do Inter esteve em seus pés aos 45 minutos do segundo tempo, dentro da área, com o goleiro batido. Mas a conclusão, meio no susto, foi para fora. Isso aumentou para 208 os minutos desde que marcou seu último gol. E retomou a discussão sobre seu futuro.
O retorno de Luiz Adriano, um dos heróis do título mundial do Inter em 2006, não correspondeu às expectativas nem da torcida nem da direção e nem mesmo do jogador. Aos 36 anos (completa 37 em abril), dá a impressão de não atingir o índice físico necessário para os objetivos do time. E não tem conseguido compensar apenas com talento e posicionamento. Nessa passagem, são 48 jogos com média de 45 minutos por partida e 11 participações diretas para gol.
A rigor, Luiz Adriano teve um grande momento. Foi contra o Independiente Medellín, pela Libertadores, quando marcou dois gols e ajudou o Inter a se classificar para o mata-mata da competição internacional. Tirando isso, foram sete gols e quatro assistências. Claro, houve contribuições relevantes, como a cabeçada que impediu a derrota para o Corinthians, em casa, pelo Brasileirão. Mas na maior parte do tempo, ficou aquém do que pode e do que já fez.
Virou reserva de Valencia no ano passado, viu chegar Alario em 2024 e ainda desembarcará Borré. Cairá, no mínimo, para quarta opção. Uma situação difícil para quem tem contrato encerrando em 30 de junho.
O restante do ano do camisa 9 deve ser longe do Beira-Rio. Ele até recebeu uma proposta do Santos, mas a negociação não avançou. Mas não pode ser descartado que o cenário mude nos próximos dias ou que novas sondagens sejam feitas. Seu salário está abaixo dos padrões. Quando assinou contrato, em fevereiro de 2023, topou reduzir os vencimentos mensais regulares e acrescentar bônus e metas para ampliar a verba.
Nas redes sociais, há dezenas de recados e críticas ao jogador. Ao clube, torcedores dizem que, além do mau desempenho, sua escalação estaria brecando oportunidades a outros atletas, como Lucca.
Ainda que se reconheça sua importância na história do Inter, ela não lhe poupa de palavras fortes. Uma situação que bate forte em sua família, reconhecidamente colorada. Seu pai, Adriano Luiz, uma das figuras mais conhecidas entre os torcedores, lamentou as ofensas:
— A história do Luiz está consolidada no clube. Ninguém vai apagar o gol da semifinal do Mundial, a participação contra o Barcelona. Todos conhecem a ótima carreira dele também fora. Claro, criticar é normal, tudo bem, é do jogo. Os atletas sabem quando não foram bem. O que não dá para aceitar é o xingamento, a falta de respeito. Como vou falar com alguém que faz isso?
No Inter, publicamente ninguém fala sobre o futuro do homem que deu a vitória sobre o Al Ahly-EGI, em 2006. Mas não há movimentação para renovar o vínculo. A tendência é mesmo de uma saída caso apareça alguma proposta ou simplesmente esperar esgotar o tempo de contrato.
Sem mencionar Luiz Adriano, Coudet justificou os problemas físicos do grupo como um todo:
— Nos falta ritmo. Falando dos números, ninguém está perto do pico de velocidade do que normalmente faz. Estamos duros, sem volume, sem a intensidade que necessitamos.
As próximas semanas serão decisivas para o futuro de Luiz Adriano. Não só no Inter, mas também como para sua carreira.
Luiz Adriano desde o retorno ao Inter
- 48 jogos
- 2159 minutos
- 7 gols
- 4 assistências
- 196 minutos para participar de gol