Era preciso dar uma resposta imediata. Depois da derrota traumática de quarta-feira (6), o Inter tinha de amenizar a dor. Só o Gre-Nal poderia aplacar. Foi o que conseguiu fazer, no Beira-Rio, com quase 40 mil pessoas. Mas por incrível que pareça, sai do clássico até com um gostinho de quero mais. A superioridade da equipe de Coudet sobre o rival não foi traduzida plenamente no 3 a 2. No íntimo, os colorados sabem que um placar mais elástico esteve ao alcance.
O discurso, é claro, foi de celebrar a vitória no clássico. Ainda que a virada para o Fluminense ainda habitasse as mentes. Coudet não escondeu isso. Lamentou que a vitória não tenha sido maior e lembrou que Rochet não fez nem sequer uma defesa. Mais tarde, na zona mista, o presidente Alessandro Barcellos informou que o goleiro sofreu uma fissura na costela no treino de sexta-feira. Disse o técnico:
— Merecíamos a vitória no Gre-Nal porque o resultado da semifinal foi injusto. E seria injusto hoje também. Jogamos melhor.
A cada resposta, o técnico voltava ao pesadelo de quarta-feira. Chegou a comparar o minuto final do Gre-Nal com os instantes derradeiros da semifinal, temendo levar o empate.
— Aqui parece ser tudo tão sofrido (risos). Acho que hoje pudemos dar um carinho no coração do torcedor — resumiu o técnico, que completou:
— Estamos sendo protagonistas. O Inter está jogando como tem de jogar o Inter.
A declaração foi semelhante à de Alan Patrick, o melhor em campo no Gre-Nal. Autor de um gol e de uma assistência, o camisa 10 comemorou a resposta imediata da equipe:
— Tínhamos essa confiança. O que aconteceu quarta são coisas do futebol. Hoje mostra a grandeza do nosso time. Tivemos poder de reação diante das dificuldades. Conseguimos dar essa resposta ao torcedor.
Um dos personagens do Gre-Nal já tinha sido também o nome importante da quarta-feira. Na roda gigante do futebol, Valencia voltou ao posto de herói, poucos dias depois de ser vilão. Autor do gol que abriu o placar, o equatoriano perdeu uma chance clara para ampliar o resultado. Mas tomou conta de Geromel e Kannemann e teve vantagem na maior parte dos duelos. O treinador explicou como fez para consolá-lo:
— O que fiz com Valencia foi dar um abraço. Futebol é assim. Só chegamos à semifinal graças a ele. Marcou na altitude, aqui. Ele fez tudo quarta-feira, só faltou entrar. É um grupo, quando ganha e quando perde.
Agora restam 12 rodadas do Brasileirão. O Inter termina o domingo na 12ª posição, a última que dá vaga na Copa Sul-Americana. A distância para o G-6 está em 10 pontos, mas isso pode mudar caso o Fluminense vença a Libertadores e o Fortaleza ganhe a Sul-Americana. Para o Z-4, que chegou a ser ameaça, a folga passou a ser de cinco pontos.
Para Coudet, o desafio será terminar o Brasileirão mais em cima, brigando por uma vaga na principal competição da América do Sul. O Z-4 não causa preocupação no treinador:
— Gostaria de estar mais em cima na tabela. Não tenho medo da zona de rebaixamento porque estou com esse grupo todos os dias, a qualidade que tem. Temos experiência para sair dessas situações. No futebol pode acontecer qualquer coisa, mas um time que jogou como quarta e como hoje não pode temer o rebaixamento. Pode ter má sorte eventualmente, mas certamente vai ter mais vitórias do que derrotas.
Agora, serão 10 dias para preparar a equipe. O Brasileirão dá uma folga por causa da Data Fifa. O Inter volta a campo no dia 18, em Salvador, contra o Bahia. O time não terá Rochet, Aránguiz, Johnny e Valencia, todos convocados.
No meio da turbulência e da tristeza pela eliminação, será uma semana e meia para aprimorar a óbvia evolução da equipe. E sonhar com algo a mais em um campeonato no qual se atrasou demais. E que, como disse o treinador, não é time para ficar onde está atualmente.