Principal novidade da comissão técnica de Eduardo Coudet neste retorno ao Inter em 2023, o agora auxiliar Lucho González foi elevado à condição de trunfo colorado para a semifinal da Libertadores. Tudo porque, no fim da carreira de atleta, o argentino foi comandado por Fernando Diniz no Athletico-PR.
Em 2018, quando o agora técnico do Fluminense e da Seleção Brasileira passou pela Arena da Baixada, o ex-volante era, ao lado dos zagueiros Paulo André e Thiago Heleno, um dos líderes do elenco paranaense.
— O Fluminense é um grande time, que vem fazendo bons jogos na temporada. Tem um treinador que está há bastante tempo, com uma ideia clara. É uma ideia que gosto. Admiro ele. Sempre pergunto para o Lucho, que foi treinado por ele, se tem algo que podemos "roubar". É um grande treinador, com um grande time, com jogadores de qualidade. Será um grande confronto — revelou Coudet recentemente.
Conforme apurou GZH, de fato o auxiliar técnico tem sido consultado a todo momento para relatar a metodologia de trabalho do rival colorado, além de apontar diferenças sobre o que foi aplicado à época em relação ao que se reproduz agora no Rio. Entre as mudanças, está o sistema tático, já que o time paranaense atuava no 3-4-3.
O Athletico-PR, aliás, representou a primeira experiência de Diniz na Série A do Brasileirão, após se destacar com o vice do Paulistão de 2016 à frente do Audax. Porém, a passagem durou só seis meses, com 21 jogos (cinco vitórias, sete empates e nove derrotas) e aproveitamento de 34%. Ainda assim, Lucho descreve o trabalho implementado no início daquele ano como fundamental para os títulos obtidos sob o comando de Tiago Nunes, como a Copa Sul-Americana de 2018 e a Copa do Brasil de 2019.
— Lembro que os treinos eram duros e intensos. Foi uma revolução no clube por estes métodos novos do Fernando, em se criou uma expectativa muito grande, sobretudo como a gente começou a Copa do Brasil, recebendo muitos elogios. Eliminamos o São Paulo e lembro que o jogo contra o Grêmio, no Brasileirão, foi muito falado. Mas, infelizmente, depois de todos estes elogios, a gente não conseguiu manter a regularidade e os triunfos que dão confiança. Então, foi um começo de ano meio perturbado, com os primeiros meses onde as coisas saíram como trabalhamos e depois não conseguimos mais fazer o que o treinador pretendia de nós — comentou o próprio Lucho em entrevista ao canal oficial do Athletico-PR ao final daquela temporada.
Importância no dia a dia
Além do papel executado nestas últimas semanas, na análise do adversário das semifinais da Libertadores, Lucho também é exaltado pelas tarefas do dia a dia. Entre as atribuições, está a conversa individual com jogadores, seja para ouvi-los ou orientá-los.
— O Lucho sempre foi uma referência dentro de campo, não só por ser capitão, mas pela questão técnica e tática mesmo. Nesta época do Diniz, em que o clube chegou a ficar muito tempo na zona de rebaixamento, ele organizava o time em campo. Ele é meio camaleão e se molda de acordo com o treinador. Estamos falando sobre o Diniz, mas ele se adaptou super bem ao Tiago Nunes, ao Dorival Júnior e ao Paulo Autuori. Quando jogava aqui no Athletico, já fazia os cursos de treinador na Argentina. Então, ele tem esse poder de compreender o que treinador quer e de passar para os atletas — avalia a jornalista Monique Vilela, que cobre o dia a dia do clube paranaense.
Entre os atletas procurados pelo auxiliar técnico de Coudet, os volantes ganham uma dedicação ainda maior. Por atuarem na mesma faixa de campo em que o argentino desfilou seu futebol por River Plate, Porto, Olympique de Marselha e seleção, os atletas recebem dicas sobre posicionamento e enquadramento de corpo na hora de distribuir passes.
— Tenho o privilégio de trabalhar com os melhores. Magrão é um cara muito especial aqui, que me apoia e ajuda bastante. No primeiro jogo dele, chegou no vestiário e me passou força, falou que era da minha posição. E o Lucho dispensa comentários. A história que ele tem no futebol... Está entre os melhores. Óbvio que a minha evolução vai ser melhor. Então, é um privilégio poder trabalhar com estes caras — disse Johnny à Rádio Colorada.