Após eliminar o Bolívar, o Inter esperou dois dias para conhecer seu adversário na semifinal da Libertadores. Na noite desta quinta-feira (31), o Fluminense venceu novamente o Olimpia e confirmou sua classificação para a ser o rival colorado na busca por vaga na final. Conhecido por ser o time da posse de bola, os cariocas incorporaram alternativas de jogo durante o mata-mata continental que servem de alerta para Eduardo Coudet.
Fernando Diniz é firme em sua ideia de que a melhor forma para controlar uma partida é tendo a bola. Assim, mesmo quando tem o resultado a seu favor, o treinador não abre mão de que o Fluminense procure ter a posse, mesmo que não seja para agredir. Mas o pensamento é de que, tendo a bola, a chance de sofrer o gol é menor do que entregando ela para o adversário e baixando as linhas para defender seu resultado.
Não por acaso as equipes de Diniz sempre estão entre as primeiras nos índices de posse de bola. O Fluminense é o time de maior média de posse entre os quatro semifinalistas da Libertadores. Com 60,6%, está atrás apenas do Flamengo nos dados que envolvem os 32 clubes que disputaram a competição desde a fase de grupos.
Pois esse Fluminense mostrou-se adaptável a diferentes cenários na fase de mata-mata da Libertadores. Ainda que no Maracanã tenha mantido seu padrão dominante, nas partidas fora de casa contou com um jogo mais direto diante de Argentinos Juniors e Olimpia.
Dificuldade em Buenos Aires
Foi diante do Argentinos Juniors que o Fluminense mais sofreu para avançar na Libertadores. A equipe treinada por Gabriel Milito teve o domínio da maior parte do confronto de ida, em Buenos Aires. No primeiro tempo, além do gol marcado pelo centroavante Gabriel Ávalos, os argentinos tiveram outras 10 finalizações, quatro delas no gol. Foram três grandes defesas de Fábio que garantiram que o placar não fosse ampliado.
Na segunda etapa, o Fluminense conseguiu equilibrar as ações mesmo tendo Marcelo expulso no lance que causou a grave lesão no zagueiro Luciano Sánchez. O argentino também perdeu um homem, o goleiro Alexis Arías, expulso por falta em Diogo Barbosa. A partida terminou em 1 a 1 e mostrou um Fluminense que precisou adotar ataques mais diretos para sair da pressão feita pelos argentinos. Assim, Diniz adaptou seu time para crescer na etapa final após ser dominado nos primeiros 45 minutos.
Esquema de Coudet contra o Olimpia
Depois de eliminar o Argentinos Jrs. com uma vitória de 2 a 0 no Maracanã no jogo de volta das oitavas, o Fluminense teve uma importante mudança em sua formação para enfrentar o Olimpia. Fernando Diniz optou por uma escalação mais ofensiva para o primeiro jogo sacando Lima, que vinha jogando como volante, para a entrada do atacante John Kennedy para atuar ao lado de Germán Cano.
Assim, o agora técnico da Seleção Brasileira passou a montar o Flu no mesmo sistema tático de Eduardo Coudet, o 4-1-3-2, tendo André como único volante e o meia Ganso como o homem mais próximo dele na faixa central do campo. John Arias e Keno são os homens de lado, com Kennedy e Germán Cano formando uma dupla de ataque.
Jogando dessa forma, o Fluminense adotou um padrão avassalador no jogo da ida no Maracanã. A equipe dominou completamente o Olimpia, mantendo seu modelo de domínio de posse (teve 70%) e chegou a 18 finalizações, seis delas no gol. Os paraguaios não conseguiram acertar o gol de Fábio na partida que terminou em 2 a 0.
Formação mantida, mas estratégia diferente
Fernando Diniz repetiu em Assunção a mesma escalação usada no Maracanã, mas com uma nova estratégia. Ainda que tenha conseguido valorizar a posse da bola no começo do jogo, a escalação de John Kennedy permitiu ao Fluminense poder atacar de forma mais rápida.
Para isso, Germán Cano exerceu um papel de segundo atacante no Defensores del Chaco. O argentino recuava em movimento que gerava superioridade no meio-campo e ainda mexia com a defesa paraguaia. Como o Olimpia precisava do resultado e adiantava sua marcação, a velocidade de John Kennedy foi determinante. O primeiro gol saiu exatamente dessa forma, com Keno acionando o atacante, que partiu em velocidade e finalizou sem chances para o goleiro Juan Espinola para abrir o placar e dar tranquilidade ao Fluminense.
O Olimpia até empatou no primeiro tempo com Facundo Zabala para dar uma falsa esperança à torcida paraguaia. Mas, na etapa final, em jogadas em transições rápidas, Germán Cano balançou as redes duas vezes para definir o placar de 3 a 1 e a classificação do Flu para enfrentar o Inter.
Ainda que o time tenha sido dominante no Maracanã, o Fluminense mostrou, nos momentos de dificuldade fora de casa, um jogo mais direto que deve servir de alerta para Eduardo Coudet.