O reencontro com Eduardo Coudet expôs mais ainda as fragilidades que o Inter tem atualmente sob comando de Mano Menezes. Na noite do sábado (13), o Colorado foi completamente dominado pelo Atlético-MG, no Mineirão, levou 2 a 0 e agora acumula três derrotas seguidas no Brasileirão. Somando Copa do Brasil e Libertadores, o clube tem apenas uma vitória em seus últimos seis compromissos. Os gols mineiros foram marcados pelo chileno Eduardo Vargas, logo aos dois minutos de jogo, e por Paulinho, nos acréscimos da etapa final.
Esse gol cedo foi lamentado pelo meia Mauricio ainda no gramado do Mineirão. O camisa 27 cobrou maior atenção dos companheiros para os próximos compromissos. Na quarta-feira, o Inter voltará a Belo Horizonte para enfrentar o América-MG, no Independência, pela Copa do Brasil. No próximo domingo irá à Arena enfrentar o Grêmio em mais um clássico Gre-Nal.
— A gente tem que entrar mais ligado. O gol acabou saindo no começo. A gente sabe que os cinco primeiros minutos e os cinco finais são importantes. Não podemos entrar tão desatentos. É trabalhar e melhorar — cobrou.
O técnico Mano Menezes também ressaltou o erro ao levar o gol cedo. O treinador explicou a decisão de mudar o sistema tático da equipe com a entrada de Nico Hernández como terceiro zagueiro no segundo tempo. Mesmo que o time tenha criado chances apenas em bolas paradas, Mano avaliou que o Inter cresceu na etapa final.
— Mudei o sistema no intervalo para dar segurança atrás, empurrar os alas e tentar igualar a ideia que o Atlético-MG tinha. Eles jogavam com Pavón e Rubens pelos lados. A gente estava distante para quem joga com uma linha de quatro. Botei uma linha de três, adiantei os alas e a equipe fez uma atuação melhor — apontou.
O sistema tático com três zagueiros usado no Mineirão poderá ser visto mais vezes nesta temporada. Mano elogiou a atuação de Thauan Lara e disse que a capacidade de apoio do lateral permite a ele usar o atacante, que inicialmente atua pelo lado esquerdo, mais próximo do centroavante.
— Temos o acréscimo de um jogador que passa e cruza bem, que é o Thauan Lara. A gente ganha um jogador com passagem pelo lado esquerdo, o que não temos porque temos um extrema com pé direito que quase sempre leva a bola para dentro. Outra coisa que ganhamos com Lara é ter dois atacantes. Ter um segundo atacante ajuda o atacante principal. Se a equipe seguir criando como está, a bola vai entrar. Hoje (sábado) bateu no poste, mas vai entrar — continuou.
Preparação física e cobranças da torcida
A saída do preparador físico Jean Carlo Lourenço, demitido na última quinta-feira, foi tema na coletiva de Mano Menezes. O treinador foi questionado sobre ter defendido a preparação em entrevistas anteriores e disse que o discurso externo visou proteger um tema que deveria ser tratado internamente, mas deixou claro que considera que o Inter vem sofrendo dentro de campo problemas que são originados pela parte física.
— A gente tem muito respeito pelo profissional que sai. O que tem de fazer quando pensamos que as coisas não estão bem é modificar. E foi o que fizemos. Não se veio a público discutir algumas questões porque não se discute publicamente. A gente tenta conversar, mostrar novos caminhos, mudar. Mas o profissional responsável pela preparação física era Jean Carlo Lourenço. Ele tem que ser respeitado como profissional e foi até onde achamos que deveria. A partir do momento que achamos que estava prejudicando a equipe, decidimos mudar — declarou.
Mano voltou a falar sobre a característica de time que quer do Inter. O treinador afirmou que o Colorado só terá bons resultados se estiver organizado e condições físicas para competir de forma intensa. Também prometeu aos torcedores uma reação da equipe.
— O torcedor tem razão ao questionar diante de uma série de derrotas. Eu entendo a cobrança. É assim que funciona. Esse é o mesmo torcedor que nos elogiava no ano passado. O Inter do ano passado não era só o do Mano Menezes. Era o Inter de todos nós. Agora quando surgem os momentos difíceis também não é só meu. É meu, dos jogadores, da diretoria, da torcida, de todo mundo — disse.
— Penso que vamos recuperar uma condição muito importante dentro da maneira da equipe jogar. As mudanças que estamos fazendo são porque não vínhamos conseguindo competir como sempre competimos. Não somos melhores tecnicamente que os outros, nós temos que ser mais organizados e ter maior capacidade de competição. A capacidade de competição vai voltar a medida que o trabalho avançar. Posso garantir que a curto prazo irá acontecer — completou.
Os resultados de uma mudança na preparação física de qualquer grupo de jogadores não aparecem em poucos dias. Diante do América-MG e no Gre-Nal, as soluções terão de ser encontradas por Mano Menezes na organização e montagem do time. É isso que a torcida espera para não ter mais uma eliminação precoce na Copa do Brasil ou outra derrota no maior clássico do futebol gaúcho.