Mano Menezes reencontrará um dos palcos que marcaram sua trajetória no futebol. Foi da casamata do Estádio Centenário que saltou para entrar no Grêmio e ingressar na elite brasileira. Na casa do Caxias, que o Inter visitará às 16h30min deste sábado pela semifinal do Gauchão, viveu momentos inesquecíveis, para o bem e para o mal.
Ele fala com propriedade. Perguntado pelo assunto na entrevista coletiva desta quinta-feira, evitou entrar em polêmica:
— O Caxias sempre criou bastante dificuldades para quem foi enfrentá-lo. É um ambiente forte. Um pouco abaixo do Bento Freitas, lá é um pouquinho mais pegado, mas o Centenário é um lugar onde muitas convicções da equipe são testadas. Tem de cuidar para não sair do jogo, porque o Caxias é muito forte. É sempre bom voltar ao Centenário.
De fato, Mano e o Centenário tiveram histórias de amor e ódio. Primeiro, o amor.
O técnico comandou o time da Serra em 45 partidas, entre 2004 e 2005. Foram 23 vitórias, 12 empates e 10 derrotas, 60% de aproveitamento. Seu grande feito se deu no primeiro ano. Depois de sair do 15 de Novembro, de Campo Bom, clube que levou até a semifinal da Copa do Brasil, ele assumiu o Caxias na 11ª rodada da Série B. O time era o 20º do campeonato, frequentava a zona de rebaixamento.
A partir da chegada do treinador, veio a reviravolta. Com oito vitórias, dois empates e apenas três derrotas, ele comandou a salvação da equipe, que terminou a competição na 10ª posição. Em 2005, sua campanha no Gauchão foi um seguro sexto lugar, e com um jogo em especial.
Era 3 de abril, e seu Caxias venceu o Grêmio por 3 a 2. O resultado eliminou o Tricolor do Estadual e acendeu o alerta no velho Estádio Olímpico. Era o melhor momento da temporada que prometia uma boa campanha também na Série B.
Então, veio a tentação. Dezessete dias depois daquela derrota, o Grêmio voltou a perder. Levou 3 a 0 do Fluminense, no Maracanã, e ficou de fora da Copa do Brasil. Ali foi a gota d'água para a direção demitir Hugo De León e apostar no jovem treinador do Caxias.
As tantas alegrias que o técnico havia dado aos grenás ficaram para trás. Mano assumiu o Grêmio na véspera da estreia da Série B. Portanto, deixou (junto ao auxiliar Sidnei Lobo, que o acompanha até hoje) o Caxias às vésperas da estreia da Série B.
Wellington Monteiro, campeão mundial com o Inter em 2006, era uma das peças principais do meio-campo do Caxias. Ele lembra da passagem de Mano pelo Centenário:
— A campanha foi improvável. Mano consegue formar mais do que um time, ele é ótimo com o grupo. Lembro que o pessoal ficou um pouco chateado, mas falei que era uma oportunidade grande.
Às pressas, o clube da Serra buscou Roberval Davino para substituí-lo. Mas nem ele e nem ninguém conseguiu evitar o rebaixamento.
Em junho, veio o aguardado Caxias x Grêmio no Centenário. A torcida grená foi em grande número e preparou notas de dinheiro com o rosto de Mano Menezes. Uma chuva de dinheiro falso e moedas marcou a entrada em campo do treinado, no empate em 1 a 1 na sétima rodada da Segunda Divisão.
Mano ainda voltou ao Centenário em 2006 e 2007 — neste, aliás, levou 3 a 0 em Caxias, mas deu a volta no Olímpico aplicando 4 a 0. Retornará após 16 anos novamente em uma partida de mata-mata. E sabendo dos perigos de seu ex-time:
— O Caxias tem sido um adversário difícil para todos os que o enfrentam.