É uma discussão antiga, mas a cada dia se renova e fica mais forte, especialmente pelas fases dos atacantes do Inter. A queda na semifinal do Gauchão reacendeu o debate: por que Mano Menezes não usa Pedro Henrique e Wanderson juntos, um em cada ponta, com Luiz Adriano de centroavante?
O caso parecia vencido especialmente depois das tentativas do técnico de montar a equipe desta forma, e em todos os casos o resultado ter sido ruim. Mas os testes foram com Alemão (em má fase), não com o novo centroavante, e uma das provas foi no gramado ruim do Estádio do Vale. E a conversa também tinha diminuído porque Mauricio tem dado boa resposta, e não faltam gols ao time (que se despediu do Gauchão tendo um dos ataques mais positivos).
Contra o Caxias, entre o goleador e o garçom, Mano optou pelo primeiro no jogo de ida e pelo segundo na partida de volta. Pedro Henrique foi titular em Caxias, Wanderson começou em Porto Alegre. E ambos deram boas respostas, especialmente nos segundos tempos, quando saíram do banco.
A justificativa de Mano para a escolha por apenas um deles é a de que foi desta forma que o time teve as melhores atuações em 2022 e chegou ao vice-campeonato brasileiro. Além disso, com Mauricio, Alan Patrick ganha um companheiro na armação, tendo os dois em campo movimenta mais a defesa adversária.
O problema é que a reclamação de torcedores e o apontamento de jornalistas tem um sentido lógico. Quando tira Pedro Henrique, automaticamente está fora o goleador do campeonato. Quando sai Wanderson, o desfalque é do garçom. E os dois juntos não funcionaram contra o Grêmio, o único adversário de Série A nacional do Gauchão.
Há outra mudança importante com relação ao ano passado: Alan Patrick está jogando muito melhor. Ao mesmo tempo em que De Pena está pior.
Alternativas
Para o técnico Thiago Duarte, mestre pela Universidade do Porto e professor de cursos de tática, observador da CBF na Copa do Mundo, existem alternativas táticas que poderiam ser aplicadas. Ele questiona:
— Por que não usar 3-4-3? Teria Renê como terceiro zagueiro, por exemplo, e uma linha de meio com Baralhas ou Matheus Dias ou ainda Johnny, Alan Patrick, Mauricio e De Pena ou Bustos, dependendo do lado. E o trio ofensivo (Pedro Henrique, Luiz Adriano e Wanderson).
Perguntado sobre a ofensividade da equipe, responde:
— É mais fácil ensinar um jogador de qualidade técnica ofensiva defender bem do que um jogador de mais qualidade defensiva atacar bem.
Duarte, autor do livro "Por que elaborar um Planejamento Metodológico em um clube de futebol?", obra bastante respeitada entre os gestores, apresenta um ponto de vista mais amplo sobre isso. Segundo ele, é preciso mudar a mentalidade do clube para voltar a ter conquistas:
— O Inter tem de ser protagonista, e não coadjuvante em qualquer jogo e em qualquer campeonato. Só com essa mentalidade que vai voltar a ganhar.
São aspectos a serem pensados pelo Inter a partir de agora. Vem aí uma maratona em abril, com Copa do Brasil e Libertadores além do Brasileirão. Para sair da fila, vale ser mais ousado?