E se o Cuiabá (ou qualquer outro time) fizer uma retranca e complicar a vida do Inter no sábado (ou qualquer outro dia)? Há uma alternativa para Mano Menezes mudar o sistema de jogo e criar opções ofensivas que abram espaços em defesas bem postadas. Trata-se de usar Pedro Henrique e Wanderson juntos.
Mas não como ocorreu contra o Palmeiras. Naquele jogo, Mano mandou a campo os dois ao mesmo tempo. Porém, Wanderson estava na ponta e Pedro Henrique foi adaptado a centroavante. A ideia não deu certo, o time foi completamente dominado e só melhorou depois que entrou Alemão.
O que se fala, agora, é de outra possibilidade. Basicamente, a de ter todos juntos. Pedro Henrique na direita, Alemão de centroavante e Wanderson na esquerda. Três atacantes não é exatamente uma novidade, há times que jogam assim, inclusive no Brasil.
Apesar de ser um pedido de boa parte da torcida (e basta uma busca nas redes sociais ou acompanhar a interatividade das rádios para comprovar), Mano Menezes não tem sido um adepto desta ideia. A explicação tática foi dada em entrevista coletiva:
— Se colocarmos dois extremas de velocidade e mais um centroavante, vamos ficar com três jogadores à frente da construção das jogadas. E provavelmente vamos perder o meio de campo. Esse negócio é complexo. Não adianta nada equilibrar lá na frente se a bola não chegar. Um dos méritos da nossa equipe é que a bola tem chegado na frente com frequência.
Desta forma, Mano desenha o Inter no 4-2-2-2 ofensivamente. Gabriel se junta a Johnny, Mauricio e De Pena avançam, Wanderson e Alemão completam o ataque. Sem De Pena, a tendência é de que Alan Patrick seja esse jogador.
— Assim ganhamos o meio porque jogamos com quatro — completa.
Quais adaptações precisam ser feitas para que o trio possa ser escalado sem que cause desequilíbrio no restante da equipe?
— Precisa ter mecanismos comportamentais para sanar as deficiências da estrutura. Para ter dois pontas em 4-3-3, precisa ter uma equipe ofensivamente mais compactada. Se os pontas são agudos, os laterais, volantes e zagueiros precisam estar mais próximos. É a concatenação de movimentos — explica Thiago Duarte, treinador, mestre pela Universidade do Porto e professor de cursos sobre tática, observador técnico da CBF para a Copa do Mundo.
Uma dessas adaptações diz respeito ao comportamento de Bustos. O lateral argentino tem como principal característica a ofensividade. Costuma avançar, ser praticamente um ponteiro.
— Nesse caso, o lateral não pode ser mais agudo do que o ponta. Senão vai ter mais de um jogador ocupando o mesmo espaço. Se isso ocorrer, o time precisa que o zagueiro seja rápido para cobrir ou que o volante faça o trabalho. O mais fácil é o lateral segurar a linha — complementa.
Como agora há mais tempo para trabalhar, já que os intervalos entre um jogo e outro estão maiores, Mano deverá treinar essas alternativas e esses mecanismos. Mas, por enquanto, a ideia é: se não precisar do plano B, melhor. Já que ele só será posto em prática se o jogo não estiver à feição.