Mano Menezes usou 17 jogadores nas duas últimas partidas do Inter. Fez nove substituições. Tirou cinco atletas diferentes do banco de reservas. E nenhum deles foi Taison. O camisa 7, único do grupo a ter conquistado títulos relevantes pelo clube, não joga há mais de duas semanas. Aliás, seu último toque na bola foi o pênalti cobrado diante do Melgar, defendido pelo goleiro Cáceda. Interna e externamente, a avaliação é de que ele tem sido mais importante como capitão do que como atacante.
A temporada está sendo atribulada. Para melhorar sua condição física, chegou a ficar de fora de alguns jogos do Gauchão. Não adiantou muito. Em 14 de abril, teve um edema na coxa esquerda. Perdeu três partidas, tentou voltar diante do Avaí, ficou 25 minutos em campo e aí, sim, lesionou-se de vez. Ficou três semanas fora, fazendo tratamento. Retornou, esteve à disposição por mais 10 jogos e se machucou novamente em 11 de julho, no confronto com o América-MG. Mais 25 dias fora, foi recolocado no intervalo da partida contra o Fortaleza.
Nesse período, outra polêmica agitou o ambiente de Taison. Ele foi "acusado" de ser o organizador da greve dos atletas, que se negaram a treinar no turno programado em razão do atraso do pagamento dos direitos de imagem. A situação piorou com o pênalti perdido diante do Melgar.
Taison, logo depois da manifestação dos jogadores, chegou a dar entrevistas para "se defender". De fato, ele não foi o organizador do movimento. Sua participação foi, como capitão, ir aos dirigentes para levar as demandas do grupo. No outro problema, o do pênalti (que, aliás, foi defendido pelo goleiro, o chute foi forte e no canto, mas Cáceda saltou para o lado certo), compareceu na zona mista. Após a eliminação da Copa Sul-Americana, disse:
— Sei que não joguei muito bem, sei da minha capacidade. Eu já fui bom, ruim. O colorado tem o direito de criticar e eu tenho de aceitar. Errei a cobrança, a gente assume os erros e agora tem de dar a volta por cima.
Nas entrevistas, Taison também fez um pedido: que sua família fosse preservada dos xingamentos. Ele disse saber aguentar as vaias e as reclamações, mas sua esposa (que recém deu à luz o filho do jogador) e sua mãe "não mereciam ser ofendidas".
Sobre a reserva, completou:
— Estou tranquilo, vou correr pela posição, vou treinar. Não sou eu que escolho quem tem de jogar ou não. Respeito muito o Alan Patrick, que vem fazendo grandes partidas.
Mas além de Alan Patrick, outro jogador também tomou-lhe o lugar. Mauricio passou por ambos e virou titular da equipe. Taison foi vaiado e xingado contra o Fluminense. Diante do Avaí, também não jogou. O time, em campo, não parece ter sentido a ausência, dadas as vitórias. Só que o camisa 7 teve outro papel.
No que acabou ficando público pelas câmeras, foi dele o discurso motivacional antes das duas partidas. E, no que fica nos bastidores, é para ele que correm os companheiros quando precisam de conselhos, dicas. E é ele quem dá as broncas. E é ele quem defende os colegas das críticas.
Como no caso de Estêvão, vaiado em sua estreia após cometer alguns erros. Taison foi para as redes sociais e deu força ao jogador. O jovem respondeu:
— Taison, você é uma referência. Suas palavras são muito importantes nesse momento. Vou seguir trabalhando.
Além dele, há outros jogadores que elogiaram Taison em entrevistas. O lado líder, herdado de D'Alessandro, é a força do camisa 7. A missão, agora, é recuperar lugar no time. Ele tem contrato até 30 de junho de 2023.
Taison em 2022
- 25 jogos
- 1511 minutos
- 4 gols (3 pelo Gauchão, 1 pelo Brasileirão)
Números pelo Brasileirão
- 234 passes certos
- 19 passes errados
- 4 finalizações certas
- 7 finalizações erradas
- 8 dribles
- 17 faltas recebidas
- 5 faltas cometidas
- 1 assistência para gol
- 11 assistências para finalização