Ex-capitão do Inter, Andrés D'Alesssandro foi convidado do programa Timeline, da Rádio Gaúcha, na manhã desta quarta-feira (24). O argentino, que será um dos comentaristas da Rede Globo na Copa do Mundo, falou sobre sua preparação para esse novo desafio em sua vida e também apontou para o futuro pós-Mundial do Catar. D'Ale afirmou que se vê interessado em exercer o cargo de coordenador técnico em um clube.
Sobre a função de comentarista, D'Alessandro afirmou que começou a ver jogos de seleções que tem menor conhecimento como preparação para o Mundial.
— Fiquei feliz de ter sido convidado (para comentar). Gosto de assistir aos jogos, acompanho o futebol argentino também. Já fui atrás de algumas seleções do Mundial que a gente não conhece tanto os jogadores. Tem que ir atrás, procurar. Não sou jornalista, não pretendo tirar o lugar de ninguém. Eu sempre falei sobre ser coordenador técnico, já estudei para treinador. Mas se chegasse hoje um convite para coordenador, eu pensaria. Essa é uma função que penso no momento — declarou D'Ale que tem a cidadania brasileira desde 2020 e disse que o Brasil é sua segunda preferência para ganhar a Copa do Mundo, depois da Argentina.
O ídolo colorado é desde 2019 embaixador do Instituto do Câncer Infantil na América Latina. Ele tem promovido a campanha de participação no McDia Feliz, no próximo sábado (27), que terá o Instituto do Câncer Infantil como uma das instituições beneficiadas.
Liderança e Inter
O tema Inter sempre aparece quando D'Alessandro fala. O argentino foi questionado sobre os elencos vencedores nos quais fez parte no clube e também abordou os últimos anos de dificuldade com a falta de títulos. Capitão colorado por oito temporadas, o ex-camisa 10 apontou sobre as dificuldades de ser líder de um elenco.
— Nessa época (de conquistas), não precisava falar nada, a gente se olhava. O Bolívar já falou isso, o Tinga também, o Índio, o Magrão. Nós nos olhavámos e sabíamos o que fazer. O Nilmar mesmo era uma liderança técnica. Isso conteceu comigo em 2003 no River, o Pellegrini (Manuel, chileno que treinava o River Plate na época e atualmente comanda o Betis-ESP) me chamou e disse que queria que eu fosse o capitão. (O Inter) Tinha seis ou sete caras, mas era algo natural de liderança. Quando não é natural que a gente se atrapalha porque quer fazer coisa no momento errado, fala demais. Quando se é uma liderança, é preciso ser uma mensagem clara e no momento certo — afirmou.
D'Ale evitou falar sobre o momento do Inter. Ele lembrou de críticas indevidas que recebeu no tempo de jogador e disse que muitas coisas que acontecem no vestiário não são descobertas por quem está fora.
— Olhando de fora tem coisas do dia a dia que a gente não sabe. Quando eu era atleta, essa briga existiu muito com jornalista. Aconteceu de inventar uma pauta, uma mentira, se fez muito isso comigo. Se falou que eu demiti treinador, que briguei. Se falou que eu briquei com o Dorival (Jr.) e até hoje nos falamos, somos amigos. A melhor resposta que a gente tem como atleta é dentro do campo. Por quê? Porque coloca o torcedor do nosso lado. A gente não tem como sair para debater sempre. Alguns momentos tentar explicar é pior. Nos últimos anos, a minha maior preocupação era com o torcedor porque a gente não estava ganhando, batemos na trave na Libertadores de 2015, depois no Brasileirão, na Copa do Brasil de 2019. A gente queria passar a mensagem certa para o torcedor. De todos os problemas que se falou no vestiário, deve ter tido dois ou três. A maior preocupação é quando vocês (jornalistas) falam a verdade, como aconteceu e eles já sabem? Essa era a maior briga minha como líder nos últimos anos. Proteger o vestiário é isso. Muitas vezes iámos até o fundo para saber quem vazava. É um grupo de 30 pessoas e de repente um comentou sem maldade — finalizou.