Apesar da vida de um técnico de futebol ser um longo emaranhado de idas e vindas, as carreiras de Mano Menezes e Luiz Felipe Scolari se cruzaram poucas vezes. A partida entre Athletico-PR e Inter, no sábado (16), será somente o sexto confronto entre os treinadores. Mas na trajetória, há muito em comum entre eles.
Com fama de defensivos, ambos impulsionaram suas carreiras no Grêmio e tiveram sucesso no Cruzeiro. A responsabilidade de treinar a Seleção Brasileira também foi vivenciada pelos dois gaúchos. São mais afeitos aos mata-matas do que aos pontos corridos. E depois que passaram pelo Palmeiras, patinaram até voltarem aos lugares mais altos da tabela do Brasileirão.
Se os caminhos se atravessaram poucas vezes, em dois momentos importantes um foi encarregado de continuar o trabalho do outro. O final dessas duas ocasiões não foi feliz.
No fim de 2012, o trabalho de Mano à frente da Seleção Brasileira chegou ao fim. Cinco dias depois, a CBF definiu que Felipão teria a incumbência de comandar a equipe na Copa do Mundo de 2014. Na primeira convocação, Scolari chamou 12 atletas que faziam parte da lista de convocados do antecessor.
— O grupo está adaptado ao técnico anterior e vou trocar apenas uma peça ou outra. Não vou fazer grandes mudanças, não. São dois ou três jogadores apenas para mudar — declarou Felipão ao liberar a sua primeira lista de convocados.
Após uma boa arrancada, com título da Copa das Confederações, a passagem de Felipão terminou no 7 a 1 para a Alemanha no Mineirão.
Mas o mundo da bola dá voltas, e a situação se inverteu em 2019. Em setembro daquele ano, o Palmeiras decidiu demitir Luiz Felipe, apesar dos 69% de aproveitamento. Mais do que o percentual de pontos ganhos, pesou a eliminação para o Grêmio na Libertadores e a derrota por 3 a 0 para o Flamengo, pelo Brasileirão.
Dali, Scolari tentou subir com o Cruzeiro para a Série A. Sem sucesso, a nova chance foi no Grêmio. Sem conseguir afastar o clube do pé da tabela, teve o trabalho encerrado em outubro de 2021.
O substituto de Felipão
Com forte vínculo com o Corinthians, Mano assumiu o lugar de Felipão. A pressão era gigante. Desde seu primeiros momentos como técnico palmeirense, precisou se preocupar com os adversários e com a própria torcida. Na sua apresentação, a semelhança de estilos foi abordada.
— Seria bem fácil para mim dizer que jogo diferente. Seria um desrespeito. Ele escolheu uma forma de jogar, que vinha dando certo até a Copa América, os resultados eram bons. Mas o futebol é inesperado. Vocês vão ver logo a maneira como a equipe vai jogar. Logo após fazer a escolha, você apresenta evoluções — declarou.
Com o clima ruim, a queda passou a ser questão de tempo. Tanto que os 63% de aproveitamento não foram suficientes para mantê-lo no cargo. Assim como Scolari, Mano foi demitido após uma derrota para o Flamengo. Até chegar ao Beira-Rio, ele viveu dias de poucas alegrias no Bahia e no futebol árabe.
Se aquele 2019 cavou um buraco na carreira dos dois, a atual temporada se mostra como uma nova elevação profissional. Felipão está classificado às quartas de final da Libertadores e da Copa do Brasil. No Brasileirão, chegou a ser o vice-líder e está a três pontos do Palmeiras, o primeiro colocado.
Mano assumiu uma equipe cotada para brigar para não cair e a colocou nas quartas de final da Copa Sul-Americana e no bolo de clubes que disputa uma vaga no G-6 do Nacional. Terceiro colocado, o Inter está a dois pontos da ponta e uma vitória na Arena da Baixada pode lhe colocar na liderança.
Nos confrontos diretos, o duelo está empatado. Com duas vitórias para cada um, além de um empate. É esse bom momento que estará em jogo em Curitiba, a partir das 16h30min deste sábado (16).