Experimente escrever alguma opinião, em sua rede social, em uma mesa de bar ou na arquibancada, sobre Rodrigo Dourado. Essa combinação de palavras tem sido quase tão explosiva como a reunião dos jogadores que culminou no adiamento do treino de quarta-feira. Falar sobre o volante desperta amor e ódio, promove discursos inflamados e divide a torcida. Isso 10 dias depois de ele ter feito três gols em um mesmo jogo, que classificou o time para a segunda fase da Copa Sul-Americana. A simples menção de uma possibilidade de transferência agita os colorados.
Nesta quinta-feira, surgiu a especulação de um suposto interesse de um clube mexicano em levar Dourado. Ele tem contrato com o Inter até o final do ano, o que possibilita assinar pré-contrato a partir de julho e sair sem custos em dezembro. Ninguém, até o momento, confirmou a investida. Mas também não é novidade que o jogador siga despertando interesse de outros mercados: no início de 2022, Dourado recebeu uma proposta de cerca de US$ 1 milhão (algo como R$ 4,8 milhões) de um clube dos Emirados Árabes, mas a oferta foi rejeitada pelos dirigentes colorados.
A roda-gigante de Dourado gira mais rápido do que a dos demais companheiros. Nenhum jogador foi aplaudido e vaiado com tamanha intensidade. Na visão do jogador isso se dá por sua história. É quem chegou há mais tempo: quando tinha 13 anos saiu do futsal de Pelotas para morar no alojamento da categoria de base do Inter. Desde a estreia no time profissional, ainda em 2012, sob o comando de Fernandão, soma 308 jogos. Foi efetivado no grupo principal em 2015, por Diego Aguirre. Marcou 20 gols e deu 18 assistências.
O passar do tempo, porém, atrapalhou. É remanescente do time rebaixado de 2016. E, em 2019, sofreu com uma série de lesões. Não é segredo que Dourado tem problemas físicos. Ele mesmo admite isso. Depois de passar por cirurgias e uma lenta recuperação, não conseguiu retomar a forma que o levou a titular incontestável, dono de uma Bola de Prata e do prêmio de melhor volante do Brasileirão em 2018.
Apesar das contestações, especialmente das arquibancadas, é defendido por Mano Menezes. Segundo o treinador, Dourado lhe dá segurança em momentos fundamentais do jogo, uma vantagem na comparação com o concorrente da posição, Gabriel:
— Dourado é mais alto, o que dá suporte nas bolas aéreas ofensiva e defensiva. Gabriel é mais dinâmico, veloz.
Essas características, aliás, podem fazer o técnico repetir uma estratégia que utilizou contra o Independiente Medellín, na Colômbia, e também durante alguns minutos em outras partidas. Como o Inter sai para duas partidas como visitante diante de adversários mais fortes, Santos e Bragantino, é possível que Mano escale os dois juntos. Isso reforça o setor de marcação, apesar de, obviamente, diminuir o poder ofensivo.
Os treinos de sexta e sábado definirão a equipe. Mas seja qual for a escolha, é certo que Dourado continuará despertando reações apaixonadas dos torcedores.
Pelo Inter
Rodrigo Dourado
- 27 anos
- 308 jogos
- 20 gols
- 18 assistências
- Títulos: Gaúcho (2014, 15 e 16); Recopa Gaúcha (2016, 2017); medalha de ouro na Olimpíada 2016
Em 2022*
- 17 jogos
- 1093 minutos
- 3 gols
- 1 assistência
* Fonte: Ogol
Inter em 2022 — com Dourado
- 17 jogos
- 8 vitórias
- 6 empates
- 3 derrotas
- 58,8% aproveitamento
- 27 gols pró
- 19 gols contra
- 8 saldo
Inter em 2022 —sem Dourado
- 11 jogos
- 3 vitórias
- 6 empates
- 2 derrotas
- 45% aproveitamento
- 7 gol pró
- 9 gol contra
- -2 saldo