Alegria e tragédia. Assim pode ser definida a relação de Abel Braga com o Inter. Uma ligação que começou em 1987 e será eterna. Viveu eliminações marcantes na sua primeira passagem. Na sequência, em outras seis vezes em que foi contratado pelo clube, foi o treinador que esteve à frente em algumas das partidas mais importantes da história colorada.
Depois de quatro décadas à frente de times, Abelão anunciou que está deixando a casamata. Porém, ainda não se aposentou do futebol. Seu objetivo é começar a trabalhar como coordenador técnico.
Para marcar o fim da carreira dele como técnico, relembre 10 momentos que marcaram o seu relacionamento com o Inter.
Gre-Nal do Século
Na hora pareceu loucura, hoje em dia ainda mais. Perdendo por 1 a 0 o Gre-Nal válido pela semifinal do Brasileirão de 1988, disputado em fevereiro do ano seguinte, Abel foi ousado. Tirou o volante Leomir e colocou o atacante Diego Aguirre. Funcionou como poucas vezes funciona esse tipo de substituição. Com dois gols de Nilson, o Inter virou o clássico para 2 a 1 e garantiu um lugar na final.
Final contra o Bahia
A vitória sobre o maior rival na semifinal deu lugar ao Inter na decisão diante do Bahia, de Bobô. Na Fonte Nova, derrota por 2 a 1, com gols de Bobô para os baianos e de Leomir para o Inter. Vencer no Beira-Rio, na volta, era obrigação. Apesar do esforço, os colorados não conseguiram tirar o 0 a 0 do placar e ficaram com o vice-campeonato.
Eliminação para o Olimpia
Em uma época sem Copa do Brasil, a segunda vaga Brasileira na Libertadores era dada ao segundo colocado do Brasileirão. Então, apesar de perder o título para o Bahia, o Inter ganhou o direito de disputar o torneio continental. A campanha foi até a semifinal. A eliminação foi uma das maiores "tragédias" da história do clube. Após vencer o Olimpia por 1 a 0, no Paraguai, na ida, o Inter foi derrotado em casa. No tempo normal, com pênalti perdido por Nilson, o time de Abel Braga perdeu por 3 a 2. Nos pênaltis, os paraguaios levaram a melhor.
Final do Gauchão de 2006
Antes das maiores glórias, mais um golpe negativo. Com o Grêmio recém egresso da Segunda Divisão, o Inter perdeu o título gaúcho de 2006 no Beira-Rio. Depois do 0 a 0 no Olímpico, o gol qualificado do 1 a 1 na casa colorado deu o título à equipe comandada por Mano Menezes. O resultado começou a mudar a formação do time com a construção de um meio-campo com maior poder de marcação, medida vital para as taças que estavam por vir naquele ano.
O título da América
Depois de a taça escapar mais uma vez, chegou a vez de Abel e do Inter. Após passar por Nacional, LDU e Libertad nos mata-matas, os colorados chegaram à final da Libertadores para enfrentar o São Paulo, defensor do título. Com a vitória por 2 a 1 sobre o São Paulo na ida, o Inter segurou o 2 a 2 no jogo da volta e conquistou a América pela primeira vez.
Dono do mundo
Depois da América, era hora de conquistar o Mundo. Antes da viagem um baque que tirou um pouco a confiança do torcedor. O Inter foi goleado por 4 a 1 pelo Goiás, no Beira-Rio, na última partida antes da ida para o Japão. A semifinal foi sofrida, com vitória por 2 a 1 sobre Al Ahly. Na final, a glória com o gol de Gabiru no 1 a 0 diante do Barcelona.
Título Gaúcho de 2008
Abel tinha conquistado a América e o Mundo, mas não tinha ainda vencido o Gauchão. Em 2007 foi demitido e recontratado quatro meses depois. Em 2008, montou um time com três zagueiros e muita mobilidade defensiva. O resultado foi uma campanha irretocável no Estadual, com goleada por 8 a 1 na final sobre o Juventude.
Gauchão de 2014
Em mais uma passagem pelo Inter, mais um título no currículo de Abel. A campanha no Gauchão 2014 teve o Grêmio como adversário na decisão. Foram duas vitórias. A primeira por 2 a 1, na Arena. Com o Beira-Rio em reforma para Copa, a volta foi no Centenário, em Caxias do Sul. A taça foi garantida com o 4 a 1, com gols D'Alessandro, Alex, duas vezes, e Alan Patrick.
Sequência de vitórias no Brasileirão 2020
Na última passagem de Abel pelo Inter, entre 2020 e 2021, Abel comandou um time que empilhou vitórias pelo Campeonato Brasileiro. Foram nove jogos seguidos, quebrando uma marca da Era dos pontos corridos que pertencia ao Flamengo de Jorge Jesus. Apesar a sequência de triunfos, faltou fôlego e o título escapou mais uma vez.
Recorde de jogos
Nos últimos jogos daquela campanha, Abel virou um recordista. Na vitória sobre o Vasco por 2 a 0, em São Januário, ele chegou a 338 partidas à frente do Inter, tornando-se o técnico que mais vezes comandou a equipe. Abelão encerrou sua última passagem com a marca de 340 partidas pelo clube.