A partir de agora, Abel Braga, 69 anos, será chamado de ex-técnico de futebol ou de coordenador técnico à procura de emprego. Treinador que mais comandou o Inter na história, Abelão confirmou que não exercerá mais a função na qual trabalhou nos últimos 37 anos. A afirmação foi feita durante a gravação de uma entrevista para o programa Globo Esporte, da Rede Globo, que vai ao ar neste sábado (2).
— Todo mundo reclama do número de jogos, que é muito grande. Não só o corpo, o mental também. Mas não estava aguentando mais esse número de viagens — declarou o profissional que levou o Colorado ao maior título de sua história, o Mundial de 2006.
Na entrevista, ele explicou as razões que o levam a querer ser coordenador técnico e não diretor técnico.
— Não quero ser executivo, não quero ser diretor técnico, quero ser coordenador técnico. Não quero fazer negociações, por exemplo. Há uma diferença muito grande entre as funções. Eu posso colocar em prática tudo que aprendi.
Abelão trouxe um exemplo da importância da função que pretende exercer a partir de agora:
– Quero dar respaldo para o técnico, para a comissão técnica e para os jogadores. Se o comportamento de um jogador não está condizente com aquilo que se espera dele, para quê o treinador vai lá se desgastar? Sou eu. Vivenciei isso um pouco com o Paulo Autuori no Fluminense. Estava uma situação financeira muito crítica e vinham todo dia em mim. "Professor, não saiu o salário"... "Professor, não pagaram o bicho"... O Paulo chegou e não escutei mais nada daquilo. Fiquei leve. É exatamente aquilo. Eu sei o peso que tiraram de mim. Também sei o peso que posso tirar dos ombros de muitos treinadores. Vamos ver, a vida vai seguir.
Não quero ser executivo, não quero ser diretor técnico, quero ser coordenador técnico. Não quero fazer negociações, por exemplo. Há uma diferença muito grande entre as funções.
ABEL BRAGA
Projetando seu futuro no futebol
O último jogo oficial de Abel foi no 0 a 0 do Fluminense contra o Unión de Santa Fé, em 26 de abril, pela Copa Sul-Americana. No dia seguinte à partida, foi demitido. Assim como no Inter, ele marcou a história do Tricolor carioca.
O ex-zagueiro comandou o time colorado em 340 partidas, em sete passagens diferentes. Pelo clube, conquistou dois campeonatos gaúchos (2008 e 2014), a Libertadores da América (2006) e o Mundial de Clubes (2006). Na sua última passagem pelo Beira-Rio, foi vice-campeão brasileiro de 2020.