O Inter optou pela permanência do técnico Alexander Medina após a vitória, mesmo sem classificação, no Gre-Nal 437, válido pela semifinal do Gauchão. Apesar de o presidente do clube, Alessandro Barcellos, despistar sobre a ideia da direção em desligar o profissional, apenas uma boa atuação poderia fazer o uruguaio seguir no cargo. E isto aconteceu.
Antes do Gre-Nal, nos bastidores, membros da direção e do vestiário reforçavam elogios ao trabalho diário de Medina. Porém, havia preocupação que o ambiente do treinador pudesse ser inviabilizado externamente com mais um insucesso. Por isto, a direção já tinha um diagnóstico — e fez um mea-culpa — para respaldar a sequência do treinador.
GZH elenca os principais motivos para o Inter ter mantido o treinador no cargo após a desclassificação.
Tempo de trabalho
Um dos principais argumentos da direção para não demitir Alexander Medina é o tempo de trabalho do uruguaio. Desde que chegou a Porto Alegre, em janeiro, o treinador comandou o Inter em 14 jogos. Um saldo de 6 vitórias, 4 derrotas e 4 empates. Neste período, duas eliminações: para o Globo-RN, na primeira fase da Copa do Brasil, e para o Grêmio, na semifinal do Gauchão.
A leitura interna nos gabinetes do Beira-Rio é de que, em boa parte destes 14 jogos, Medina trabalhou para encontrar uma base de time e precisou fazer testes. Com isto, alguns resultados negativos, e jogos em que o desempenho ficou abaixo, acabaram sendo explicados pelas experiências feitas. Além disto, a direção sempre pregou um discurso de tentar romper uma "cultura de resultado" no futebol brasileiro e apostou em mais tempo para o treinador.
A partir de agora, a ideia é que Medina aproveite as duas semanas livres até o início da Sul-Americana e do Brasileirão para preparar a equipe. Segundo o treinador, aspectos técnicos e táticos do time serão trabalhados neste período, além de maior oportunidade aos jovens.
— Vamos trabalhar todos os aspectos da equipe. Ter as linhas juntas pressionando, tendo amplitude e profundidade. Trabalharemos a parte física também. Com a sequência de partidas, não conseguimos fazer tudo. Temos que incorporar os jogadores que chegaram, dar tempo ao Moledo e aos garotos. Necessitamos trabalhar em todos os aspectos, físico, tático e técnico — disse o treinador após a desclassificação com vitória no Gauchão.
Erros individuais
Os dois grandes impactos sofridos pelo Inter de Alexander Medina tem diagnósticos internos diferentes. A eliminação na Copa do Brasil tem como uma das justificativas o ambiente do clube e foi tratada como ponto de virada no aspecto mental do time. Após a queda, na coletiva em que demitiu o então executivo de futebol Paulo Bracks, Alessandro Barcellos defendeu a necessidade de uma mudança na "aura" do vestiário.
Já no caso do Gauchão, a desclassificação é atribuída ao primeiro Gre-Nal da semifinal e não entra na conta do psicológico do elenco. A comissão técnica e os dirigentes entendem que erros individuais e coletivos, cometidos pelo próprio Inter, fizeram com que o time tivesse um cenário muito difícil a ser revertido no segundo jogo. Tanto que o saldo contabilizado pela direção é de duas vitórias em três clássicos disputados no ano e avaliação de que o time buscou ser protagonista e apresentou momentos de bom futebol nestes três jogos.
Reformulação do elenco
A autocrítica feita pela direção está na montagem do elenco. Os dirigentes admitem que nem todos os reforços foram entregues ao treinador e que alguns acabaram chegando de forma tardia. Wanderson, por exemplo, é o extrema que Alexander Medina pediu desde o desembarque em Porto Alegre, mas não foi contratado a tempo para a disputa do Gauchão.
Ainda em termos do plantel, a direção mantém a ideia de que uma reformulação está sendo feita no vestiário e que isto impacta no campo. Tanto que o presidente Alessandro Barcellos, após aqueda no Gauchão, citou a necessidade de novas chegadas para elevar o nível de competitividade interna.
— Isso tem a ver um pouco com a declaração do Taison, da competitividade interna e da necessidade de termos mais isto. O jogador que for titular saber que no banco tem um cara louco para entrar e que, se entrar, não sai mais do time. Isto faz o grupo crescer. É esta competitividade que a gente vai buscar para qualificar como um todo o trabalho que está sendo feito — afirmou Barcellos.
O Inter tem como próximo compromisso a Copa Sul-Americana, que está prevista para iniciar no dia 6 de abril. O sorteio dos grupos e dos adversários do Colorado acontece na sexta-feira (25), às 21h.
Até lá, a comissão técnica pretende alcançar a regularidade desejada e a direção almeja o fortalecimento do Departamento de Futebol, que contará com a chegada de novos profissionais, além da contratação de reforços para o treinador.