Os primeiros 90 minutos mais acréscimos de Alexander Medina mostraram as ideias que o Cacique pretende implementar em sua trajetória no Inter. Mesmo que tenham ocorrido, como era de se esperar, erros de execução tanto táticos quanto individuais, os planos do treinador uruguaio foram apresentados na estreia colorada na temporada, contra o Juventude, na quarta-feira (26), pela primeira rodada do Gauchão. E também ficou nítido o tanto de trabalho que há pela frente.
O próprio técnico admitiu isso. Perguntado sobre o que gostou e o que pensa ser necessário melhorar, respondeu:
— O que mais gostei foi da personalidade para enfrentar o jogo, que era o primeiro. Temos de melhorar em todos os aspectos, não é uma coisa só. Com o trabalho, vamos crescer coletivamente e individualmente, conseguiremos evoluir.
Para quem viu o jogo no Alfredo Jaconi, em Caxias do Sul, alguns aspectos ficaram bem claros. O time tentou, de fato, diminuir os espaços entre defesa e ataque. Essa compactação fez o Inter impedir o Juventude de trocar passes e armar seus lances ofensivos com calma e clareza. Mas permitiu que lançamentos às costas da defesa encontrassem jogadores adversários em condições de dar trabalho a Daniel, que foi o melhor em campo.
Para o narrador Eduardo Moreno, do SporTV, que transmitiu a partida, essas falhas defensivas são o que há de mais urgente para Medina corrigir. Exige atenção o fato de o goleiro colorado ter trabalhado tanto em uma partida.
— O Inter permitiu 15 finalizações do adversário. Repetindo isso, vai perder muitos jogos, principalmente de times um pouco melhores ou até com mais sorte do que o Juventude. Dourado ficou abaixo do que precisa um volante, assim como os laterais — analisou o narrador.
O analista tático Higor Santos detalha um pouco mais a ideia de Medina:
— Ele defende encurtando o campo, fazendo mais estreito, andando sempre para a frente, nunca para trás, diferente do bloco médio de Diego Aguirre. Isso força o impedimento, com gatilhos tipo quando o adversário passa para trás ou para o lado. Vimos alguns erros do Moisés e do Cuesta, mais acostumados com encaixe, de acompanhar o jogador e não a zona.
Entre os pontos positivos, Moreno concorda com Medina. O Inter teve personalidade para jogar, entrou atento em campo e dedicou-se à partida como se fosse uma decisão. Além disso, tentou, desde o início, subir a marcação e pressionar de fato os adversários, não só cercá-los. Diz o narrador do SporTV:
— O Inter entrou mais ligado do que no ano passado. A pegada na pressão pós-perda e a objetividade no ataque foram os pontos positivos, claro que ainda em construção. Mas, mesmo com pouco tempo, deu para ver que tem uma boa ideia ali.
Higor Santos traz uma memória importante a ser levada em conta, do Flamengo de 2019, que viveu situação semelhante:
— A ideia requer adaptação e compreensão de alguns aspectos detalhes. Foi um processo parecido com o que viveu o Flamengo com Jorge Jesus nos dois primeiros jogos, em que sofreu bastante. A torcida precisa ter paciência porque é um método novo e que pode, sim, dar bons resultados.
Individualmente, foi consenso entre os analistas o crescimento de alguns jogadores, mas especialmente Boschilia. O jogador, que sofreu em 2021 com a recuperação de uma grave lesão sofrida em 2020 e ainda foi citado pelo famoso áudio de Paulo Paixão, conseguiu dar boa resposta atuando pelo lado esquerdo e dando a assistência para o gol de Yuri Alberto.