Os mistérios do Inter para o Gre-Nal já começam no gol. O clube corre para recuperar Daniel a tempo de estar em campo no clássico das 19h de sábado, no Beira-Rio. O goleiro não joga desde 13 de outubro, na vitória de 3 a 1 sobre o América-MG. Ele sofreu uma fissura nas costelas e desde então faz tratamento.
A curiosidade é que após sua saída, os colorados não venceram mais nenhuma partida. Foram dois empates (Bragantino e Corinthians em casa) e duas derrotas (São Paulo e Palmeiras fora).
O Inter vem mantendo em sigilo a atualização médica de Daniel. Nas imagens de treinos divulgadas pelas redes sociais, ele não aparece — assim como outros mistérios, tipo Yuri Alberto e Dourado. Entretanto, fontes no clube garantem que ele tem trabalhado com os demais goleiros. Até a hora da partida, a tendência é de que permaneça como uma das incógnitas.
Daniel era um dos melhores jogadores do Inter no Brasileirão. Nos 23 jogos em que participou, saiu invicto em 10. Tem média de três defesas por partida, segundo dados do SofaScore. Pelo FootStats, que também compila estatísticas do campeonato, ele está em segundo lugar no ranking das defesas difíceis, com 28. Só Matheus Cavichioli, do América-MG, fez mais, 30.
Apesar da confiança em Marcelo Lomba, um dos goleiros que mais vestiram a camisa do Inter com 203 partidas, a prioridade é recuperar Daniel. Tido como prodígio desde sua chegada ao Beira-Rio, ele aguardou pacientemente a oportunidade que veio, enfim, em 2021, quando já tem 27 anos. Se estiver em condições mínimas, vai para o jogo.
Fissura e fratura na costela não tem tratamento que não seja amenizar a dor e esperar que o organismo faça a regeneração dos ossos. Os pacientes costumam tomar remédios analgésicos e fazer fisioterapia para adiantar a recuperação. No caso de um goleiro de futebol, há uma limitação de movimentos que pode prejudicar o desempenho. Por isso, a preocupação é estar em totais condições para jogar.
Por isso, o ex-goleiro do Inter José de la Cruz Benítez, campeão brasileiro de 1979, pede cautela no retorno de Daniel. Na visão do paraguaio, um clássico exige plena recuperação.
— Tanto Lomba quanto Daniel são ótimos goleiros. É que o Gre-Nal é um jogo especial, é uma partida diferente por si só, não importa a competição. Se Daniel está recuperado, ótimo, tem a confiança de todos, vai para o jogo. Mas se não está 100%, não tem por que arriscar — aponta.
Goleiro do Inter nos anos 1980, Ademir Maria tem visão parecida. Inclusive, viveu situação semelhante, apesar de ter sido muito mais tempo ausente. Quando jogava no Cruzeiro, teve uma lesão em um dedo que o tirou de combate por sete meses. Foi escalado para voltar em um clássico com o Atlético-MG nas partidas decisivas do Campeonato Mineiro de 1984. A falta de ritmo de jogo cobrou o preço e ele mesmo admite que foi mal, o time também não se encontrou e perdeu o Estadual.
— Por essa experiência, digo que o ideal é ter calma. O Gre-Nal é um jogo de muita pressão, o Grêmio certamente vai precisar do resultado, vai pressionar, e o Lomba é um goleiro confiável — afirma Ademir Maria, que finaliza:
— Vai depender do preparador. Se ele está treinando bem, os reflexos estão bons, a agilidade, a segurança, ok. Até porque é o titular, um dos grandes goleiros do Brasil, o melhor nas defesas difíceis. Só precisa cuidar para não apressar seu retorno.
Na temporada 2021
Daniel
- 32 jogos
- 13 vitórias
- 12 empates
- 7 derrotas
- 27 gols sofridos
Lomba
- 20 jogos
- 7 vitórias
- 5 empates
- 8 derrotas
- 25 gols sofridos