A versão 2021 do Inter é mais jovem do que a 2020. Na comparação com a rodada que ocorreu há exatamente 12 meses (Inter 2x2 Flamengo), o time atual tem média de idade dois anos inferior, 27 em 2020 contra 25 agora — levando em conta todos os relacionados. Isso que Diego Aguirre teve desfalques, sem nomes comumente usados, como Daniel, Heitor, Saravia e Cadorini, que teriam deixado ainda mais baixo esse número.
Além da convicção na necessidade de rejuvenescer o grupo, a falta de dinheiro é um dos fatores que explicam essa mudança. Sem tantos recursos para contratar, a direção apostou em guris. Tanto nos que já estavam no clube, como Mauricio e Johnny, quanto nos recém-chegados, como Kaique Rocha, Gustavo Maia e Paulo Victor.
— Fico feliz por todos os meninos que têm oportunidades. Estamos construindo o Inter do futuro. Construímos coisas boas não somente para o momento, mas também daqui para a frente — prometeu Aguirre.
A seguir, veja jovens que ganharam espaço e receberão ainda mais oportunidades nas próximas rodadas — até para estarem mais prontos em 2022.
Kaique Rocha
Até uma semana atrás, Kaique Rocha havia ficado praticamente um ano sem jogar. Encostado na Sampdoria, entrou em campo na Copa Itália em outubro de 2020, depois de algumas partidas pelo time sub-20 do clube de Gênova. Pois em três dias, seu conceito mudou.
Escalado contra o Bragantino porque Mercado estava desgastado, o defensor de 20 anos mostrou suas principais virtudes, a imposição física e a velocidade. Com quase 2m de altura, levou vantagem nos lançamentos por cima e apresentou rapidez impressionante para cobrir contra-ataques.
— Kaique vinha treinando bem. Ganhamos uma boa alternativa na zaga, tem personalidade — resumiu Diego Aguirre.
Johnny
O final de contrato de Lindoso não atormenta o Inter. O volante ficará livre a partir do final do Brasileirão e não deve renovar. Isso será a senha para que Johnny receba ainda mais chances.
O volante que joga pela seleção dos Estados Unidos já está na vitrine há algum tempo, mas recém completou 20 anos. Foi usado no time profissional pela primeira vez no Gauchão de 2020, ainda sob comando de Eduardo Coudet. Mas sua frequência em campo oscilou, assim como suas exibições. A última semana foi um exemplo: contra o Bragantino, foi um dos melhores em campo; contra o Corinthians, fez um pênalti de afobação em um lance na linha de fundo.
— Johnny é o futuro camisa 5 do Inter. Estamos trabalhando para que ele seja o primeiro volante do time por muitos anos — havia elogiado o ex-técnico colorado Miguel Ángel Ramírez.
Paulo Victor
Outro dilema a ser enfrentado pela direção do Inter no final da temporada diz respeito a contratar ou não Moisés, que pertence ao Bahia. O clube gaúcho detém 15% dos direitos econômicos, pelos quais pagou R$ 2,2 milhões. Para adquirir mais 15% precisaria pagar R$ 3 milhões.
Os valores são altos e não há certeza se o investimento vale a pena. O que se sabe é que, ficando Moisés ou não, Paulo Victor será mais aproveitado. O lateral-esquerdo que veio do Botafogo é considerado um jogador de futuro.
— Acho que ele tem tudo para estourar, é um lateral com perfil europeu, alto, forte, com bom jogo de associação, mas precisa só evoluir defensivamente. Tenho certeza que com o tempo ele vai ser titular — aponta o técnico Sérgio Anglada, que trabalhou com o lateral no Nova Iguaçu.
Gustavo Maia
Fora da lista para cumprir uma burocracia na Europa, Gustavo Maia só foi convocado para enfrentar o Corinthians porque ainda não tinha tomado a segunda dose da vacina. Essa foi a circunstância que fez o jovem jogador emprestado pelo Barcelona estar em campo no domingo e marcar o golaço que salvou o Inter da derrota e o manteve no G-6.
Formado na base do São Paulo, ainda é um atacante franzino, precisa melhorar a questão física. Mas mostrou que pode ser uma alternativa ainda em 2020 e uma certeza em 2021, especialmente por ter algumas virtudes raras no grupo, como o drible em velocidade e o chute de média distância.
— Um das qualidades do Maia é o chute de fora. Não foi uma surpresa ele ter feito este gol, mas, no momento do jogo, nos acréscimos, não é só ter qualidade. Tem que ter personalidade para marcar este golaço — comentou Diego Aguirre.
Matheus Cadorini
O Inter iniciou a temporada com quatro centroavantes: Yuri Alberto, Guerrero, Galhardo e Abel Hernández. Sete meses depois, apenas Yuri permanece. E, provavelmente, não será por muito tempo, dados os constantes boatos de interesse europeu no goleador do Brasileirão.
Foi isso que permitiu que Matheus Cadorini recebesse oportunidade. Ele aproveitou: entrou no intervalo do confronto com a Chapecoense e marcou seu gol. Com 1m92cm, o jogador de 19 anos se credenciou para seguir sendo chamado. Sofreu uma lesão com o time sub-20, mas já deve estar à disposição de Aguirre no domingo. Para contar com o jogador em 2022, o Inter precisará pagar cerca de R$ 1 milhão, a ser parcelado ao longo do ano.
— Esse menino tem muito potencial, e o que o diferencia é a cabeça. É muito centrado, inteligente, sabe o que quer — afirmou Robélio Cavalinho, técnico que deu a primeira oportunidade ao jogador, ainda no Osaco Audax.