Se Miguel Ángel Ramírez ainda não estava convencido de que precisa fazer algumas mudanças no seu time, neste domingo (6) ele recebeu fortes argumentos. As razões foram brutalmente expostas no 5 a 1 sofrido para o Fortaleza, no Castelão. O resultado foi mais eloquente do que qualquer palavra dita após a segunda partida do Inter no Brasileirão. A conclusão, principalmente por parte da direção, é de que ajustes são necessários.
A regulagem nesse primeiro momento não terá alteração de nomes. O espanhol segue apoiado pela direção, mas o nível de tensão no vestiário colorado transparece nas atitudes de jogadores e nas explicações dos dirigentes e do treinador. Tão logo acabou o jogo, o treinador foi para o vestiário. A atitude foi apenas mais uma que reforçou o seu incômodo com o que aconteceu em campo.
Desde o início do segundo tempo, quando Yago Pikachu ampliou a vantagem para 3 a 0, o treinador se mostrava inquieto na área técnica. Ele alternava entre uma posição agachada para ver a partida do nível do gramado com um vai e vem dentro da área destinada a ele. Nem mesmo o gol de Praxedes aliviou seu nervosismo.
Se o corpo fala, o silêncio também sabe se expressar. Nenhum representante do elenco deu entrevista após a goleada. Longos minutos passaram-se até que as primeiras explicações fossem proferidas pelo vice de futebol João Patrício Herrmann.
O adjetivo utilizado deu a dimensão do tamanho da confusão criada com a derrota.
— Estamos extremamente envergonhados. É a maior vergonha que eu passei como dirigente na história do Inter — admitiu o dirigente em sua primeira manifestação.
Pelas declarações de Herrmann, a extensão dos problema são robustas. Ele foi direto ao dizer que as mudanças que estão por vir serão das mesmas proporções. Diferentemente de Ramírez, o dirigente apontou diversas questões que podem ser corrigidas no time colorado.
Entre as promessas do vice de futebol estão alterações firmes em questões internas. Seu diagnóstico para a derrota foi de que erros internos, como o planejamento para o jogo, aconteceram. Em relação ao time que venceu o Vitória na quinta-feira, pela Copa do Brasil, Ramírez efetivou sete mudanças na equipe titular. Moisés, Yuri Alberto, Patrick e Caio Vidal foram os únicos jogadores mantidos na equipe. A motivação para a medida foi poupar os atletas para o confronto de vota contra os baianos.
Mas, sobretudo, Herrmann admitiu que a evolução do jogo de posição implementado pelo comandante colorado estagnou e que a evolução precisa ser retomada.
— O trabalho tem ajustes para fazer internamente. O Ramírez não é inflexível, está escutando o meio e os colegas — assegurou Herrmann.
Outro recado que tinha o CEP de Ramírez foi de que será preciso assimilar o que é a cultura gaúcha de jogar futebol.
O desânimo do treinador era visível enquanto a goleada ia sendo ampliada pelos cearenses. Embora estivesse visivelmente abatido em sua entrevista coletiva, Ramírez não foi tão enfático quanto o vice de futebol. Suas respostas também foram mais sucintas do que o usual. A fala um pouco mais rápida. O desconforto era visível. Na sua visão, suas ideias estão sendo bem assimiladas pelo elenco e a evolução desde sua chegada é nítido.
— Não fizeram esta pergunta (sobre assimilação) quando ganhamos o jogo anterior. Estivemos bem desde o início do trabalho, para mim, como treinador. Sempre que faço algo mal dizem que posso melhorar. Preciso seguir neste caminho de aprendizado — ponderou.
Há 21 jogos no comando no Inter, Ramírez mudou a escalação do time em cada partida que o Inter atuou sob o seu comando. A pressão da torcida e a o diagnóstico externado por Herrmann deixam claro que a 22ª mudança terá que ser de Ramírez e suas convicções.