Um Inter depressivo e prostrado protagonizou uma das tardes mais sofridas dos colorados no Brasileirão. O 5 a 1 para o Fortaleza, além do impacto do tamanho do placar, escancarou dificuldades técnicas, algumas quedas de rendimentos individuais e colocou à primeira prova de fogo o projeto de ruptura proposto pela direção com o Miguel Ángel Ramírez.
O Fortaleza é uma boa equipe. Não foi de graça que virou para cima do Atlético-MG na estreia, no Mineirão. Também está longe de ser coincidência o 17º jogo seguido sem perder. Mas, apesar de reconhecer a qualidade e a organização dos cearenses, passou mais pelo Inter do que por eles a construção da goleada.
Ramírez mudou o time em sete posição com relação ao jogo de quinta-feira. É o preço de um calendário excruciante. Impossível repetir a formação com intervalo de 66 horas. O que não justifica, é verdade, chutar a gol apenas aos 13 minutos do segundo tempo.
O Inter foi frágil atrás e inoperante na frente por uma longa hora em que levou um gol em rebote de cobrança de falta, teve o jovem zagueiro Pedro Henrique expulso em um golpe de taekwondo no adversário, levou gol na sequência e mais dois na largada do segundo tempo — um deles contra, bisonho. O 4 a 0 foi construído em ritmo de treino.
Houve um suspiro de reação com o gol de Praxedes, um dos pouquíssimos colorados pilhados em campo. Mas o quinto gol nem foi em ritmo de treino, mas de recreativo. Wellington Paulista nem tirou o pé do gramado para cabecear.
Ramírez fecha o domingo (6) com uma goleada histórica nas costas. Desde o Gre-Nal fatídico do fato novo o Inter não apanhava assim. Teve dois anos antes o 5 a 0 da Chape no Inter de Abel Braga, que foi bancado pela direção e levou o time à Libertadores.
O quinteto de agora tem recados que a direção, pelo que tenho informações, já entendeu. Sabe que precisa entregar reforços, mas eles só virão quando entrar o dinheiro de alguma venda. Ela sabe que precisa mexer em algumas peças do grupo e do time e, mais do que isso, criar novas lideranças.
O momento é delicado. O torcedor está machucado, nem poderia ser diferente. Mas o momento é também de manter-se fiel à convicção e ao projeto que não tem prazo de três meses, mas de três anos. Ramírez está dentro dele, apesar do 5 a 1 e do começo titubeante.