Caminhada na praia, andar de bicicleta, ler e assistir a futebol. Assim se resume a rotina de Abel Braga no bairro do Leblon, na zona sul do Rio de Janeiro. Desde a passagem no Inter, encerrada em fevereiro, o treinador vive dias mais tranquilos se comparados ao período em que assumiu o Colorado. Mas este itinerário habitual pode a vir ser trocado por um novo trabalho.
Ainda em meio à pandemia, o técnico revela que, mesmo em um período de férias, as atividades não mudaram muito. Segundo o próprio Abel, "o bicho ainda está muito perigoso", referindo-se ao coronavírus. No entanto, a volta à programação de um clube já esteve bem próxima de ser uma realidade.
— Quando estive aí (em Porto Alegre), tive uma proposta, mas não podia sair. Depois que saí, tive uma proposta que tinha acertado todas as condições, salários e toda a comissão, inclusive. Mas não deu certo. Não adianta ficar ansioso ou angustiado, as coisas têm que acontecer. Nunca, no futebol, fiquei pensando no que vai acontecer amanhã. Às vezes, você imagina uma coisa, algo completamente errado – afirmou à reportagem de GZH.
O Al-Nasr, dos Emirados Árabes, procurou Abel quando ele ainda estava no Inter — o convite foi negado justamente por conta do trabalho no Beira-Rio. Quando questionado sobre novas propostas, o técnico preferiu não revelar nomes.
— Eu não gosto muito de responder essa pergunta, parece que fica mal, "foi procurado por time tal". Não me dá orgulho e não me valoriza em nada. Deixa como está, se eu estou em casa é porque eu não acertei com ninguém — comentou.
No dia a dia, ainda é impossível não recordar a perda do título brasileiro. A rodada final com o empate para o Corinthians, o gol anulado de Edenilson e a conquista do Flamengo ainda estão no imaginário do treinador.
— Sempre vem alguma coisa, um pouco de lembrança, aquele amargo na boca. Na rua, alguém que passa, tem o comentário, então vem algo. Mas já ficou para trás, lamentavelmente. Parece que existe alguma coisa com o Inter, não é normal. É muito vice-campeonato. Às vezes, acho que esse ano seria mais do que merecido. Nunca ninguém disse que nós tínhamos um time de estrelas. Tínhamos um time de verdade. O resultado daquilo, a gente sabe que não foi justo. As consequências piores ficaram conosco. Fizemos de tudo para conquistar aquele título — destacou.
Reencontro com Renato Portaluppi?
Ali, na mesma zona sul do Rio de Janeiro, está outro colega de profissão: Renato Portaluppi, que encerrou sua terceira passagem como técnico do Grêmio no mês passado. Recentemente, os dois se enfrentaram no Gre-Nal 429, pelo Brasileirão, que terminou com vitória do Inter, por 2 a 1, e que quebrou a sequência de 11 jogos do Inter sem ganhar o clássico.
Após o enfrentamento, os dois treinadores passaram por situações semelhantes. Além de encerrarem suas passagens pelos respectivos times, enfrentaram a covid-19.
— Renato é um grande amigo. Já tinha agradecido pelas palavras quando eu voltei ao Inter. Foi muito parecido, né. Pegamos covid. Mas ainda não o encontrei. O Renato é filho de Ipanema, eu sou filho do Leblon. Mas tenho um carinho e uma estima boa por ele — finalizou Abel Braga.