Chegou o momento tão esperado por Taison e pelos colorados. Na noite desta quarta-feira (5), no Beira-Rio, contra o Olimpia, o novo camisa 10 do Inter voltará a vestir o uniforme vermelho e branco pelo qual conquistou a Copa Sul-Americana e a própria Libertadores há mais de uma década. Quando a bola rolar, a partir das 21h, pela terceira rodada do Grupo B do principal torneio do continente, a história de um ídolo ganhará novos capítulos 11 anos depois do fim de um ciclo que, todos sabiam, teria um recomeço.
Ainda que não haja a confirmação de que começará como titular, é certo que Taison ganhará alguns minutos em campo. E, provavelmente, iniciando a partida. Sem Palacios, suspenso, e com a dúvida sobre o retorno de Patrick, que sentiu desconforto muscular na coxa esquerda no jogo contra o Juventude, domingo, e precisou ser substituído, o principal reforço do Inter para a temporada deverá fazer sua estreia.
— A gente conta muito com o Taison. É uma das estreias mais esperadas dos últimos tempos. Passei a admirar o Taison mais ainda agora porque tenho visto o comprometimento dele nos treinamentos, e acredito que ele soma muito para nós na liderança, na alegria, é um cara que além de ser driblador, técnico dentro de campo, tem uma alegria no vestiário que é contagiante. Estamos na expectativa por essa estreia tanto quanto o torcedor — ressaltou o goleiro Marcelo Lomba, em entrevista na terça (4).
O "veterano" de 33 anos que irá a campo é outro jogador em relação ao menino que surgiu na equipe profissional do Inter em 2008. Quem deu a primeiro chance ao então destaque da base foi Guto Ferreira, que assumiu como técnico interino do clube após a saída de Abel Braga para o Al-Jazira, dos Emirados Árabes Unidos. Taison teve poucos minutos para mostrar seu futebol na estreia, na derrota por 3 a 1 para a Portuguesa, no Canindé, mas rapidamente assumiu a titularidade.
— O plantel tinha alguns problemas no ataque e o Taison vinha sendo o grande destaque da base. Então, de imediato, subi ele e coloquei para jogar, até para tirar o peso de uma estreia com outro treinador. O Tite chegou e continuou utilizando o Taison. Logo ele se firmou, desandou a fazer gols e entrou nas graças da torcida. Tudo isso por mérito dele, por ter a cabeça no lugar, ouvir as pessoas certas e ser muito focado naquilo que ele quer — recorda Guto, que hoje comanda o Ceará.
No entendimento do seu ex-treinador, a chegada de Taison é muito benéfica para o Inter. Bom de grupo, o meia-atacante não terá dificuldades na readaptação ao time e ao futebol brasileiro na avaliação de Guto Ferreira:
— Ele é um cara extremamente carismático. Não é um cara fechado, arrogante. Ele cai fácil nas graças do pessoal, é brincalhão. Então, tende a se entrosar rapidamente com o grupo. Fora toda a qualidade que tem, porque é um jogador muito rápido nas ações, na leitura de jogo. Embora hoje ele jogue um pouquinho diferente, a bagagem ajuda. Com certeza vai ajudar muito o Inter.
Posicionamento
Quem também trabalhou com Taison, dois anos depois, foi o uruguaio Jorge Fossati. O treinador do Inter no início da campanha do bicampeonato da América, em 2010, lembra que, mesmo quando garoto, o jogador já mostrava personalidade e boa adaptação a diferentes modelos de jogo. Por isso, entende que o sucessor de D'Alessandro com a camisa 10 colorada terá sucesso sob o comando de Miguel Ángel Ramírez.
— Ele volta depois de muito tempo de vitórias no Exterior. Seguramente, será muito importante dentro e fora de campo para o Inter. Comigo, jogava mais como um extremo, que tinha velocidade e bom poder de decisão. Na Europa e na Seleção, vi que ele se tornou um jogador mais pensante e com variedade no posicionamento, podendo aparecer pelo lado ou por dentro. Mas onde ele jogará no Inter é uma decisão do Ramírez, que é um grande profissional e saberá como escalá-lo — destaca Fossati, que deixou o comando do River Plate do Uruguai no fim de março.
A tendência inicial é de que Taison apareça pela esquerda do ataque colorado, no esquema 4-3-3 que tem sido utilizado por Ramírez desde que chegou ao Beira-Rio. A expectativa de quem já atuou por ali com a camisa do Inter é de que ele receba apoio dos companheiros e não tenha de assumir um protagonismo imediato, já que ainda carece de ritmo de jogo e das melhores condições físicas.
— É um jogador que agora carrega uma bagagem de quem tem 33 anos. Mas é preciso relevar um pouquinho na estreia. É evidente que ele está motivado, voltando para casa, foi muito bem recebido, e acho que tanta festa assim traz responsabilidade. Mas cabe aos companheiros darem essa força a ele, porque são estilos de futebol diferentes. Taison ficou muito tempo fora, pode ser que sinta a questão física nesse princípio. Mas vamos torcer para que ele arrebente no jogo e o clube dê um passo largo para a classificação aos mata-matas — diz Edu Lima, ex-ponta-esquerda do Inter, que esteve em campo na fatídica derrota para o Olimpia na semifinal da Libertadores em 1989.
Para que a frustração de 32 anos atrás não se repita e Taison possa voltar em grande estilo ao Inter, basta que a equipe repita o que fez contra o Táchira no Beira-Rio. Afinal, se ali já imaginava-se que ele poderia estrear, mas acabou ficando no banco devido à expulsão de Palacios, agora com a qualidade do camisa 10 em campo uma vitória ganha ainda mais peso.
Taison pelo Inter
- Brasileirão: 70 jogos (9 gols e 7 assistências)
- Copa do Brasil: 11 jogos (7 gols e 2 assistências)
- Libertadores: 11 jogos (nenhum gol e nenhuma assistência)
- Gauchão: 32 jogos (19 gols e 7 assistências)
- Sul-Americana: 8 jogos (nenhum gol e 2 assistências)
- Recopa Sul-Americana: 2 jogos (nenhum gol e nenhuma assistência)
- Suruga: 1 jogo (nenhum gol e nenhuma assistência)
- Amistoso: 2 jogos (1 gol e nenhum assistência)
- Total: 137 jogos (36 gols e 18 assistências)