Na estreia do Inter na Libertadores, na terça-feira (20), Patrick experimentou uma situação impossível de imaginar na temporada passada. Considerado um dos principais personagens da campanha do vice-campeonato brasileiro em 2020 — titular com Eduardo Coudet ou Abel Braga —, o jogador permaneceu sentado no banco de reservas durante os 90 minutos da derrota para o Always Ready, em La Paz.
Diante deste cenário, já não é mais nenhum absurdo perguntar: o polivalente atleta colorado ainda tem lugar na equipe comandada por Miguel Ángel Ramírez?
O questionamento foi feito a três jornalistas do Grupo RBS, que opinaram sobre o assunto: Luciano Potter, torcedor do Inter e debatedor do programa Sala de Redação; Rafael Colling, apresentador do programa Esporte & Cia, na Rádio Gaúcha; e o narrador Marcelo De Bona.
Luciano Potter
Patrick teria de se adaptar para ser um extrema. Geralmente, esses jogadores têm como característica a velocidade. Patrick tem a força como qualidade preponderante. Deveria ter tempo para conseguir se adaptar. Não há tempo no futebol brasileiro. Então, ele vai sair do time. Volta se mudar o esquema para um 4-4-2, por exemplo.
Rafael Colling
Reconheço que, no esquema proposto por Ramírez, as coisas ficaram mais difíceis para Patrick. Ele precisa de espaço, o que não está acontecendo no jogo posicional. E, para um jogador que foi um dos melhores do Brasileirão do ano passado, não deve estar sendo nada fácil amargar a reserva. Como Moisés está longe de ser um grande lateral, limitado tecnicamente, eu daria oportunidades ao Patrick na lateral esquerda. Com isso, ele teria mais campo para progressão e poderia tabelar com extremas e jogadores de meio. Também vejo Patrick com força adequada para marcar e exercer com naturalidade essa outra função do lateral. Além de se tornar mais uma alternativa de saída de bola por ser mais habilidoso do que Moisés.
Marcelo De Bona
Penso que sim. Patrick foi, nas últimas temporadas, um termômetro no Inter. O melhor momento do time do Odair teve Patrick como destaque. O mesmo vale para a arrancada colorada no Brasileirão, com Abel Braga. Ali Patrick foi cotado para a seleção do campeonato. Ainda não tive uma compreensão exata ou definitiva do modelo do técnico Ramírez. Mas penso que Patrick não deve ser utilizado exclusivamente como extrema. Aprecio ele como meia, próximo do lateral e até de quem for atuar como jogador mais avançado pelo lado esquerdo. Aliás, os extremas são, na minha opinião, as grandes decepções do Inter de Ramírez, talvez por essa falta de aproximação com outros setores do time. Certo mesmo é que eu não tentaria o Patrick como lateral, como é sugerido por muitos.