O Ministério Público do Rio Grande do Sul concluiu mais uma fase da Operação Rebote, que investiga irregularidades na gestão do Inter no biênio 2015/2016. Nesta quarta-feira (10), o MP denunciou Pedro Affatato, ex-vice-presidente de Finanças, e quatro empresários da área de turismo por organização criminosa, estelionato e ocultação de bens. Esta, que é a quarta fase da operação, foi batizada de Operação Prorrogação.
Na mesma denúncia, o ex-presidente colorado Vitorio Piffero foi denunciado por estelionato e ocultação de bens. A esposa dele também responderá por ocultação de bens. As empresas envolvidas no esquema são de Curitiba e de Porto Alegre.
— A questão do Inter foi dividida em núcleos. Núcleo administrativo-financeiro, núcleo jurídico, núcleo futebol e agora o núcleo agência de viagem. Então, é a quarta denúncia que o Ministério Público está oferecendo. Em todas elas, teve o mesmo modo de operar, ou seja, no sentido de criar despesas com relação a serviços não prestados e obras não realizadas, pegando o retorno desses recursos para se locupletar — explicou o subprocurador-geral de Justiça para Assuntos Institucionais do MP-RS, Marcelo Lemos Dornelles, ao site da instituição.
Detalhes da denúncia
O promotor Flávio Duarte diz que um dos dirigentes do alto escalão do Inter, que seria Pedro Affatato, comandava organização criminosa para desviar dinheiro do clube de maneira continuada e sucessiva por meio de artifícios administrativos e contábeis. Ele utilizava, segundo o MP-RS, notas fiscais e documentos fraudulentos atestando serviços turísticos que não foram prestados. O grupo desviava valores que, posteriormente, eram direcionados para fins diversos, como compra de passagens de avião, de um cruzeiro para o Caribe, pagamento de hospedagem em hotel de luxo e até de ceia de Réveillon do dirigente e seus familiares.
— Esse dirigente exercia o comando operacional da organização criminosa, além de ser o destinatário direto e indireto da maior parte dos valores identificados como obtidos ilicitamente em prejuízo do clube. Coube a ele organizar a dinâmica criminosa, ordenando, internamente, desde os pagamentos diretos ou repasses de valores, alegadamente destinados a serviços de turismo, até a orquestração do conteúdo das notas fiscais que justificavam fraudulentamente tais despesas. Foi, também, o responsável principal pela formatação do esquema criminoso de lavagem de dinheiro desses valores desviados do Internacional — completou Flávio Duarte.
O outro ex-dirigente, no caso Vitorio Piffero, foi denunciado por estelionato e ocultação de bens, utilizou os mesmos artifícios. Desviou do clube, em parceria com o empresário de uma das agências de turismo que foram utilizadas no esquema, para comprar uma caminhonete para a esposa, também denunciada. O veículo comprado, segundo apurou GZH, é um Toyota SW4.
As provas do MP vieram da quebras de sigilo bancário e fiscal e de buscas anteriores em uma das agências de turismo envolvidas. Conforme a investigação, os sete denunciados obtiveram para si, em prejuízo ao clube, mais de R$ 340 mil entre 2015 e 2016. Tanto Affatato e Piffero quanto o restante dos citados ainda não são réus. A Justiça ainda não se manifestou sobre a aceitação da denúncia do MP-RS.
Contraprontos
- A defesa de Pedro Affatato diz que irá contestar as acusações formuladas apenas nos autos da ação penal proposta.
- Procurada por GZH, a defesa de Vitorio Piffero ainda não se manifestou.