O Inter está atento a qualquer detalhe que possa interferir na briga pelo título do Brasileirão. Na reta final, a direção implementou uma série de regras para evitar polêmicas que motivem os adversários ou que desviem o foco dos jogadores. A orientação envolve o uso de redes sociais, o conteúdo das entrevistas e até as "cornetas", que estão proibidas.
O principal exemplo foi o Gre-Nal de 24 de janeiro. Após a vitória de virada por 2 a 1, os jogadores foram instruídos a não "cornetar" o rival, mesmo que os colorados tenham sofrido com a zoação tricolor nos últimos 11 clássicos sem triunfo do Inter.
O receio era de que uma eventual flauta pudesse desviar o foco do principal objetivo, que é o título brasileiro. A regra segue valendo para os demais jogos.
— Temos de estar preocupados com o campo. Qualquer questão extracampo no momento decisivo não ajuda. O equilíbrio nesta hora é fundamental para que os atletas e a comissão técnica possam desempenhar o seu papel. Estamos perto de uma conquista, mas ainda no meio de um campeonato muito difícil. Cuidar disso é fundamental para que a gente possa ter o melhor resultado neste mês de fevereiro — declarou o presidente Alessandro Barcellos.
A cartilha do clube ainda pede cautela nas entrevistas e nas manifestações em redes sociais. Os jogadores não devem entrar em polêmicas com adversários ou arbitragem, nem dar qualquer declaração que possa ser interpretada como "salto alto". O discurso não deve fugir do clichê de que todas as partidas são decisivas e de que o foco será jogo a jogo.
— O futebol mexe com a paixão e com a emoção. Isso geralmente tem uma relação de dentro para fora e de fora para dentro. Não queremos elementos extracampo que possam trazer alguma novidade para um ambiente que é fundamental para nós que seja de trabalho e de resultado. Esta vem sendo a orientação do Conselho de Gestão. (Isso envolve) Redes sociais, manifestações e entrevistas com vocês (da imprensa). Queremos dar tranquilidade para os jogadores fazerem aquilo que eles estão preparados para fazer. Temos escutado muitas provocações, ilações e teorias conspiratórias. Mas estamos preocupados com o nosso resultado e com o nosso desempenho, não com o dos nossos adversários. Que as coisas se decidam dentro de campo — completa Alessandro.
Um dos desafios é lidar com a euforia do torcedor, considerada natural diante do bom momento no Brasileirão.
Na viagem a Curitiba, na quarta-feira (3), diversos colorados procuraram os jogadores para expressar a confiança na conquista do título. Até o comandante do voo utilizou o sistema de som do avião para desejar boa sorte ao grupo. Porém, mesmo com este ambiente descontraído, a reação dos atletas foi de poucos sorrisos. De forma educada, os jogadores atendiam aos pedidos para fotos e agradeciam as mensagens, mas sem deixar de lado o semblante de seriedade.
— É normal que o torcedor esteja vivendo este momento. É compreensível esta vontade do torcedor de estar próximo dos seus ídolos, mas isso é da porta para fora. O grupo sabe que não ganhamos nada ainda e que precisamos de vitórias e de pontos para chegar ao nosso objetivo. O ambiente tem muita sobriedade e seriedade para podermos focar dentro de campo no trabalho que tem de ser feito. O campeonato é muito difícil e muito equilibrado. O clube como um todo vem observando isso. Queremos muito o título, mas para isso precisamos baixar a cabeça e trabalhar — finaliza Alessandro.
Athletico-PR e Inter enfrentam-se nesta quinta-feira, às 21h, na Arena da Baixada.